
A história da imprensa no Brasil tem seu início em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, sendo até então proibida toda e qualquer atividade de imprensa — fosse a publicação de jornais, livros ou panfletos.
O que seria do mundo sem os veículos de comunicação, falada ou escrita? Como seriam informados os bilhões de habitantes do planeta?
Além da finalidade de transmitir notícias, a imprensa tem um papel muito importante, que é a defesa dos direitos humanos. Denunciando as injustiças que acontecem ou podem acontecer, a imprensa é a maior garantia de defesa da liberdade com que conta o cidadão.
O primeiro jornal editado no Brasil foi a Gazeta do Rio de Janeiro, que começou a circular em 10 de setembro, de 1808, submetida à censura do palácio e dirigida por um funcionário do Ministério das Relações Exteriores. Por isso, o dia 10 de setembro foi consagrado como o Dia da Imprensa.
Pouco antes no mesmo ano, porém, o exilado Hipólito José da Costa lançava, de Londres, o Correio Brasiliense, o primeiro jornal brasileiro — ainda que fora do Brasil. Enquanto o jornal oficial relatava “o estado de saúde de todos os príncipes da Europa, (…) natalícios, odes e panegíricos da família reinante”, o do exilado fazia política. Embora (diferentemente do que muito se divulga) não pregasse a independência do Brasil, e tivesse um posicionamento político por vezes conservador, o Correio Brasiliense foi criado para atacar “os defeitos da administração do Brasil”, nas palavras de seu próprio criador, e admitia ter caráter “doutrinário muito mais do que informativo”.
A proibição à imprensa (chegaram inclusive a destruir máquinas tipográficas) e a censura prévia (estabelecida antes mesmo de sair a primeira edição da Gazeta) encontravam justificativa no fato de que a regra geral da imprensa de então não era o que se conhece hoje como noticiário, e sim como doutrinário, capaz de “pesar na opinião pública”, como pretendia o Correio Brasiliense, e difundir suas ideias entre os formadores de opinião — propaganda ideológica, afinal.
A censura à imprensa acabou em 1827, ainda no Primeiro Reinado. A própria personalidade de D. Pedro II, avessa a perseguições, garantia um clima de ampla liberdade de expressão — em nível não conhecido por nenhuma república latino-americana, graças aos caudilhos autoritários que lá se alternavam. A liberdade de imprensa já era garantida mesmo pela Constituição outorgada de 1824. Escreve Bernardo Joffily: “Cada corrente tem seu porta-voz”, mas, ainda assim, “há órgãos apolíticos: o Diário do Rio de Janeiro (1º diário do País, 1821-1878) nem noticia o Grito do Ipiranga. Mas a regra é a imprensa engajada, doutrinária”.
Entre os jornais cariocas da época imperial estavam, em primeiro grau de importância, a Gazeta de Noticias e O País, os maiores de então e os que sobreviveram mais tempo, até a Era Vargas. Os demais foram o Diário de Noticias, o Correio do Povo, a Cidade do Rio, o Diário do Comércio, a Tribuna Liberal, alguns jornais anteriores a 1889, mas de fortíssima campanha republicana, como A República, e as revistas de caricatura e sátira: a Revista Ilustrada, O Mequetrefe, O Mosquito e O Besouro. Outros ainda eram o Jornal do Comércio e a Gazeta da Tarde.
A Revista Ilustrada realmente era inovadora. As ilustrações litografadas almejavam ao perfeccionismo e ao mesmo tempo à expressividade. Inova a Revista também por uma diagramação “interativa”, com ilustrações sobre o cabeçalho, moldura etc. Saía semanalmente e tinha distribuição nacional.
No âmbito nacional, há quatro jornais matutinos tradicionais no Brasil: Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, de São Paulo; e O Globo e Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro.
No âmbito regional, há jornais que exercem grande influência em suas comunidades, como: Zero Hora, de Porto Alegre (RS), o Estado de Minas, de Belo Horizonte (MG), secundados por A Tarde, de Salvador (BA), Jornal do Comércio, de Recife (PE), a Gazeta do povo, de Curitiba (PR), a A Crítica, de Manaus (AM), entre outros.
Em Brasília, circulam os jornais matutinos regionais: Jornal de Brasília e Correio Brasiliense (este com título que homenageia o órgão pioneiro da imprensa), de elevado conceito, visto serem os primeiros a chegar às mãos dos políticos e dos ministros.
É relevante a história da imprensa no Brasil, em virtude de estar vinculada à história da política brasileira, caracterizada pela alternância entre períodos de ditadura e de democracia, de censura direta ou indireta e de liberdade de expressão.(Raimunda Gil Schaeken – Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – ALCEAR.)