13 de fevereiro: Aniversário da Semana de Arte Moderna – Por Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

A Semana de Arte Moderna foi um grande marco da História Brasileira. Todos os artistas modernistas importantes da época participaram.
O Brasil vivia a República Velha. O capitalismo crescia no país, consolidando a república. A elite paulista estava totalmente influenciada pelos padrões europeus tradicionais.


Em fevereiro de 1922, um grupo de poetas, escritores, artistas e intelectuais liderados por Mário de Andrade e Oswald de Andrade se reuniu para organizar três festivais no Teatro Municipal de São Paulo, com o objetivo de revolucionar a arte brasileira, rompendo com o parnasianismo e com a estética acadêmica presente nas obras de então. Foi a chamada Semana de Arte Moderna – que ocorreu em três noites: no dia 13, houve exposição de pintura e escultura, com duas conferências efetuadas por Graça Aranha e Ronald de Carvalho. O dia 15 foi dedicado à literatura e à poesia, com palestra proferida por Mennotti del Picchia. O dia 17 foi dedicado à filosofia e à música, com conferências proferidas por Renato de Almeida e Ronald de Carvalho.

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

A obra literária que marcou o início do movimento foi o livro de poesias de Mário de Andrade, Paulicéia desvairada. Nessa obra, Mário empregou os expedientes poéticos mais arrojados, que foram expostos e reunidos pela primeira vez. O livro revelou a poesia urbanista e fragmentária e retratou, numa visão antirromântica, uma São Paulo cosmopolita e egoísta, com sua população heterogênea e sua burguesia cínica. A prosa foi marcada por Oswald de Andrade com o romance Os condenados.

Os modernistas paulistas queriam propor uma “nova arte nacional”, que surgiria da “antropofagia cultural”, preconizada por Oswald de Andrade.

O chamado Movimento Antropofágico foi talvez o mais importante para a institucionalização de uma estética e de uma cultura genuinamente brasileira. Baseava-se na ideia de que deveríamos livrar-nos totalmente da submissão à cultura estrangeira, basicamente europeia, que dominava a esfera intelectual do país. Seria necessária, pois, uma verdadeira canibalização da cultura europeia, a qual seria suplantada pela superioridade de nossa cultura mestiça. O ponto alto do movimento Antropofágico deu-se entre as décadas de 1960 e de 1970 e se refletiu nas artes plásticas, na literatura xenófoba (avessa ao estrangeiro) e, sobretudo, na música. Nas artes plásticas, é preciso citar a exposição do pintor e escultor Hélio Oiticica, denominada “Tropicália”. De acordo com Oiticica, o Movimento Antropofágico, ilustrado pela sua “Tropicália”, deveria contribuir para a criação de uma verdadeira e expressiva cultura brasileira, característica e forte. A herança europeia e americana teria de ser absorvida, antropofagicamente, pela herança negra e indígena de nossa terra, as únicas significativas para o Movimento Antropofágico.

Os destaques em cada “setor” artístico

Na literatura, os escritores modernistas que se destacaram foram Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Oswald de Andrade. Por outro lado, a pintura brasileira ganhou suas primeiras pinceladas próprias com Anita Malfati, que já havia realizado em 1917 a sua primeira exposição no Brasil, com inspiração modernista que possuía como base conceitos de futurismo, expressionismo e cubismo. Nas esculturas modernas, por sua vez, o destaque foi dado para o brasileiro Victor Brecheret, além da grande contribuição de Wilhelm Haarberd e Hildegardo Leão Velloso.

Além desses nomes, a semana trouxe também o destaque para outros brasileiros. No desenho e na expressão da pintura, além de Anita Malfatti e do criador do movimento, Di Cavalcanti, o destaque vai também para Oswaldo Goeldi, Yan de Almeida Prato e John Graz. Na expressão arquitetônica, que pela primeira vez era essencialmente brasileira, o destaque foi para Georg Przyrembel e Antonio Garcia Moya. Artistas já consagrados no país davam representavam a nossa música, como Ernani Braga, Villa-Lobos e Frutuoso Viana.

Outra curiosidade que deu abertura para a crítica negativa foi o fato de que o cantor Villa-Lobos, no dia 17, fazer uma apresentação com um chinelo em um pé e no outro, um sapato. O público não ficou nada contente com o ocorrido, achando-a extremamente desrespeitosa e futurista ao mesmo tempo. Porém, a verdade é que o artista só foi ao palco daquela maneira por conta de um grande calo no seu pé.

Muitos anos depois, seu valor cultural e também histórico foi finalmente reconhecido, significando que as suas ideias continuaram sendo propagadas com o passar dos anos, porém em um ritmo mais lento do que o esperado. Dessa forma, o movimento artístico e modernista deu continuidade por meio de divulgações realizadas em duas grandes revistas: a Revista Klaxon e a Antropofágica.

Além disso, sua manifestação também foi presente em outros movimentos culturais realizados nos anos seguintes, como o Movimento Pau-Brasil, o Verde-Amarelo, Grupo da Anta e Movimento Antropofágico, que seguiram na tentativa de libertar a produção artística brasileira.

A exposição “Tropicália” inspirou vários movimentos que marcaram definitivamente a identidade nacional. O principal deles deu-se na música, com o III Festival da Música Popular Brasileira, do qual nasceram os ícones de nossa música popular, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Edu Lobo, Os Mutantes e muitos outros. Sem muita definição, segundo dizia Augusto de Campos, o movimento foi incorporando novos dados informativos: som universal, música pop, tropicalismo, música popular moderna, com nítida influência de Oswald de Andrade, o precursor da antropofagia cultural.(Raimunda Gil Schaeken é professora aposentada, tefeense católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas –ALCEAR).

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