15 de junho: Feriado Municipal em Tefé-Am – Por Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

Tefé é uma das cidades mais antigas e prósperas do Estado do Amazonas; Ponto geodésico da Amazônia Ocidental. Sua história é muito extensa, com lutas, vitórias e derrotas, apresentando-se, em séculos passados, como centro maior da disputa entre colonizadores portugueses e espanhóis.


Nos tempos coloniais, no fim do século XVII, o padre Samuel Fritz foi enviado para o Amazonas a serviço da Espanha. Ele fundou as primeiras missões jesuíticas para catequizar os índios. Tefé foi uma dessas aldeias. Fritz estava realmente convencido de que aquela região pertencia à Espanha. A Portugal, todavia, pouco importava essa convicção: o território era seu e como tal cumpria-lhe preservá-lo do domínio espanhol, que se implantava simultaneamente com a obra de catequese dos missionários espanhóis.

Professora Raimunda Gil Schaeken (AM)

Essas missões também eram responsáveis para prestar serviços sociais à comunidade indígena. Os portugueses, desrespeitando o Tratado de Tordesilhas, subiram o Rio Solimões, vindos do Grão-Pará, com a finalidade de conquistar o Amazonas e dominar as terras dos espanhóis, o que resultou em um grande conflito entre as duas nações, quando estes chegaram à região.

O governador do Grão-Pará enviou tropas comandadas pelo Capitão Inácio Correia de Oliveira, em 1708, para expulsar os espanhóis e fazer evacuar ditas aldeias, das quais era responsável o padre João Batista Sana. Este, promulgou que Samuel Fritz deveria deixar a região do Amazonas, conforme ordem da Coroa Portuguesa. Samuel Fritz se retirou e foi até o Peru em busca de apoio para combater os portugueses. Em Quito, obteve uma força armada com que desceu o Maranhão e o Solimões, investiu contra as aldeias e cometeu toda sorte de depredações, aprisionando o comandante e muitos soldados da tropa inimiga. Muitos indígenas que lutavam em apoio aos portugueses morreram vítimas do confronto, e novamente os espanhóis voltaram a dominar a região, conforme já estava estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas.

Resolveu então o Governador do Grão-Pará enviar no ano seguinte nova expedição ao Solimões sob o comando do Sargento José Antunes da Fonseca. Coube dessa feita, a vitória às forças portuguesas que aprisionaram entre outros o padre Sana.

Em 1709, portugueses e espanhóis voltaram a entrar em confronto. Novamente, Portugal sai vitorioso, o que leva os índios a uma fuga em massa para o interior das matas e para a cabeceira do Rio Tefé. Essas lutas trouxeram a devastação das aldeias, e pouco tempo depois, o Frei André da Costa chega à região com a finalidade de cuidar das missões da Ilha dos Veados e Parauari. A partir de 1718 Frei André da Costa, temendo novos ataques dos espanhóis, subiu a cabeceira do Rio Tefé, onde encontrou um lago, fixando-se na margem direita deste com os sobreviventes.

Em 1833 o governo da província do Grão-Pará obtém o controle de Ega, devido a delimitação territorial feita entre Portugal e Espanha. Ega significava para os lusos, terra de promissão.

O Grão-Pará ignorou a denominação Vila de Ega e restituiu o nome da região para Tefé.Tefé, palavra do Nheengatu, traduzia Rio Profundo. Vem de Tapi ou Tapé, derivada de uma extinta tribo de índios Tupebas ou Tapibas.

Em 1850, o Amazonas é desmembrado do Grão-Pará e elevado à categoria de província, sendo que Tefé passou a fazer parte da nova província. Cinco anos depois, em 1855, o Governo da Província do Amazonas elevou Tefé à categoria de cidade pela Resolução provincial n.44, de 15 de junho de 1855, com o nome de Tefé, tendo como padroeira “Santa Teresa D’ávila”.
Visitada por várias personalidades da História do Brasil, Tefé mantém um carinho todo especial pelo saudoso e grande poeta Gonçalves Dias que, durante sua estada na cidade, cognominou-a de “Princesa do Solimões”. Esse título, aliás, ainda hoje, muito tem orgulhado os tefeenses.

Mesmo sofrendo ou sorrindo, Tefé sempre confiará na altivez de seus filhos Escritores, Advogados, Médicos, Engenheiros, Arquitetos, Promotores, Juízes de Direito, Psicólogos, Odontólogos e outras profissões, sobretudo, grandes mestres e educadores formados pelos Padres da Congregação do Espírito Santo e pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria.
Cantemos sempre em alta voz o Hino e a Canção de Tefé, de autoria do Padre Manuel de Lima Cauper, CSSp, que retratam a nossa belíssima história.
Parabéns, querida Tefé!(Raimunda Gil Schaeken, tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas (ASSEAM) e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR)

 

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