5 de Setembro – Elevação do Amazonas à Categoria de Província

Professora Raimunda Gil Schaeken/Am
Professora Raimunda Gil Schaeken/Am
Professora Raimunda Gil Schaeken/Am

Lembro-me, com saudade, dos anos em que estive na direção da querida Escola Eduardo Ribeiro, quando tive boas colaboradoras e, juntas procuramos fazer um bom trabalho com nossos alunos, despertando maior interesse na aprendizagem, o respeito e amor ao próximo, à família, a Deus, à natureza e à Pátria. Todas as datas cívicas eram comemoradas, lembrando os homens e mulheres que fizeram a nossa história.

Durante a Semana da Pátria, precisamente às 8 horas, havia o hasteamento das Bandeiras do Brasil, do Amazonas e de Tefé, ao som do Hino Nacional, seguido de declamação de poesias, algum canto do Amazonas e o Hino da independência. Os desfiles em comemoração ao Dia do Amazonas e da Pátria (5 e 7 de setembro) eram de grande movimentação na cidade. A concentração dos alunos das Escolas acontecia em frente à Prefeitura Municipal, onde era feito o hasteamento das Bandeiras do Brasil, Amazonas e de Tefé, ao som do Hino Nacional. Após a concentração, os alunos desfilavam garbosamente nas principais ruas, ocasião em que faziam a saudação à Bandeira Nacional.


A data de 5 de Setembro tem sabor de independência para o Amazonas. Com a Capitania de São José do Rio Negro, nossa região não dispunha de autonomia necessária ao seu desenvolvimento.

Lobo D’Almada, em 1797; Manoel Joaquim do Paço, em 1818; José Felix Pereira de Burgus e Machado de Oliveira, em 1832; todos tentaram, junto à Corte  portuguesa, obter pacificamente a criação da Província do Amazonas. Romualdo de Souza, em 1826, e João Cândido de Deus, em 1839, apresentaram projetos ao Parlamento Imperial, solicitando a criação da província, o que só ocorreu com a Lei n. 592, de 5 de setembro de 1850, com o apoio do Ministro do Exército, Carneiro Leão, e do Conselho Paraense liderado por João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, que foi nomeado presidente da Província, com sede na Vila da Barra do Rio Negro. Formava-se uma única comarca com 40000 habitantes, 7 escolas, 4 municípios, 18 distritos de paz, 20 lugarejos e 3 missões religiosas. Entretanto, a Província foi instalada em Manaus a primeiro de janeiro de 1852.
Tenreiro Aranha, ciente de todas as dificuldades da Província, procurou organizar a administração pública sem deixar de lado o aspecto econômico, tentando restabelecer a agricultura, que se achava em plena decadência, dando ênfase à lavoura de café, açúcar, do algodão, do cacau.
São símbolos do Estado do Amazonas o Hino, a Bandeira e o Brasão existentes à data da promulgação de sua Constituição, Cap.I, Art.11.
Cantemos em alta voz o nosso Hino que retrata a nossa história.

HINO DO AMAZONAS
(Letra de Jorge Tufic e música de Cláudio Santoro)

Nas paragens da história o passado
É de guerras, pesar e alegria,
É vitória pousando suas asas
Sobre o verde da paz que nos guia.
Assim foi que nos tempos escuros
Da conquista apoiada ao canhão,
nossos povos plantaram seu berço,
homens livres na planta do chão.

Estribilho

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Hoje o tempo se faz claridade,
Só triunfa a esperança que luta,
Não há mais o mistério e das matas
Um rumor de alvorada se escuta.
A palavra em ação se transforma
E a bandeira que nasce do povo
Liberdade há de ter no seu pano,
Os grilhões destruindo de novo.

Tão radioso amanhece o futuro
Nestes rios de pranto selvagem,
Que os tambores da glória despertam
Ao clarão de uma eterna paisagem
Mas viver é destino dos fortes,
Nos ensina, lutando, a floresta,
Pela vida que vibra em seus ramos,
Pelas aves, suas cores, sua festa.

Trecho do discurso do Governador José Lindoso, proferido de improviso na abertura da Semana da Pátria e Semana do Amazonas, dia 1º de setembro de 1980, às 8 horas na Praça do Congresso, momento em que fez o lançamento oficial do Hino do Amazonas e sancionou a Lei nº 1404, que o aprovou.

“A afirmação, portanto, que contém no Hino, do momento, do passado, da crença e da esperança do presente e da afirmação de um melhor destino histórico para o futuro, representam três instantes na eternidade do tempo”.
“O Hino é, portanto, a expressão de tudo o que está dentro dos nossos corações. Ele fala, na musicalidade e na expressão da sua letra, de todos os nossos anseios, impulsionados pela nossa tradição, traduzindo a síntese dos milagres da história na afirmação de uma nova nacionalidade”.

“Somos detentor de um grande patrimônio que a natureza nos legou, de florestas e de rios, que deve ser mobilizado conscientemente a serviço da humanidade e a serviço do Brasil”.

“O Hino traz, entranhado nas suas expressões, na sua sublimidade, esse sentido profundo da harmonia de civilização que vamos construir com a própria natureza”.

“É a floresta que vai nos ensinar, também ao sopro dos ventos e no vigor dos ramos, na beleza das flores e no canto das aves, que seremos grandes quando soubermos ser grandes pelo amor à natureza, pelas responsabilidades com a sociedade e pelo pensamento eterno de que o Amazonas é grande porque grande é o Brasil, e o Brasil é grande porque nós, pelas forças dos nossos músculos, pela capacidade de nossa inteligência e pela determinação da nossa história, vamos fazê-lo sempre eterno”.

RAIMUNDA GIL SCHAEKEN (Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – ALCEAR.)

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