50 Anos da Onça Pintada do Carnaval Baré (Jubileu de Ouro)

Cel Art Jorge Teixeira de Oliveira - Foto: Reprodução

Por Daniel Sales


Como levas e levas de militares de vários Estados brasileiros vinham servir na Amazônia, principalmente a partir da década de 1960. Eis que vários deles realizavam, nos finais de semana, suas batucadas; o seu samba bem intimista, nas suas horas de folga.

Até que, em 10 de dezembro de 1970, estes militares-sambistas decidiram criar uma escola de samba nos moldes do que era feito no Rio de Janeiro.

A idéia da fundação da escola surgiu na 12ª Cia de Material Bélico. Primeiramente foram alguns cabos e soldados advindos de Pernambuco que tiveram essa idéia.

Os primeiros Ensaios de Bateria deram-se na casa (PNR) do então 1° Tenente, de nome Iberê Mariano da Silva. Os instrumentos eram da Banda do 1o. BiS.

Foi o Comandante da 12ª Cia. Major Haroldo que entrou em contato com o Cel Teixeira (que era o Comandante do CIGS, e também Presidente do Clube Círculo Militar e também Diretor do Colégio Militar). Teixeira acatou a idéia e os ensaios passaram a ser feitos no Clube, ali no São Jorge.

À princípio, a maioria dos integrantes era composta de militares, depois foi se abrindo para a entrada de civis. No ano seguinte (1972) de moradores do bairro S.Jorge e adjacências também adentraram na escola.

As suas cores: Verde e Branco.

No primeiro desfile, a SELVA “desceu” a avenida Eduardo Ribeiro com menos de 100 integrantes, mas, para à época, já era “muita gente”. Teixeira e outros oficiais vinham na Comissão de Frente.

A Escola, que tinha como símbolo uma Onça Pintada, desfilou até 1976. Nesses anos de glórias, nos desfiles na Avenida Eduardo Ribeiro, a Selva Disputava os desfiles com as escolas Unidos da Cachoeirinha, Boulevard e São Francisco. O único embate, com a então nascente Vitória Régia, foi em 1976.

A Unidos da Selva ganhou os campeonatos de 1971/1972/1973/1974 (tetra) e 1976. Portanto, só perdeu o de 1975.

À época, tanto as escolas de samba do Rio de Janeiro como as de Manaus possuíam uma outra estrutura de desfile. Os carros alegóricos eram pequenos e confeccionados de madeira (caibros, pernamancas, tábuas e ripas) e também compensado. Havia diversos Tripés, com base móvel de Roldanas, e as fantasias dos “brincantes” eram muito simples.

Na verdade, foi somente em 1974 que surgiram os tais carros.

A Selva desfilava com uma média de 250 componentes, a partir de 1973 – assim como as outras escolas de Manaus. No Rio, esse número crescia para até 800 pessoas (há um vídeo do desfile da Portela, de 1981, onde o narrador da TV se surpreende com o “gigantismo” da escola, que contava naquele ano, com cerca de 1.500 figurantes).

A bateria da Unidos da Selva era composta em média por 50 “batuqueiros”. Jailton Sodré, como dito antes, era um dos “puxadores”.

Em 1972 desfilaram na Eduardo Ribeiro as Escolas de Samba da Cachoeirinha e a Unidos da Selva. A Unidos da Selva levou para o asfalto, três sambas de enredo, já que naquele tempo podiam concorrer quantos sambas fossem compostos. Um deles era “exaltação à Manaus”, de Costinha e Cabo Gilson;

Trecho do samba:

“Desde a legendária Fortaleza de São José do Rio Negro/
Que Manaus surgiu…./
E tornou-se a “Maioral”…/
Nos Tempos áureos da borracha
Esta estrela magistral…”

Outro samba tinha o título: “Nem vem meu amor”, de composição do sargento Sílvio. O terceiro samba da Verde e Branco era o do soldado Ferreira, “Certo trecho da história”.
Em 1976, devido às crises internas, a escola fez seu último desfile campeoníssimo na “Passarela do samba, de então”. E também, o seu presidente, O “Teixeirão”, fora convocado para ser o prefeito de Manaus, no início de 1974 (e depois seria o 1o. Governador de Rondônia, 1979). A escola ficou sem comando e não houve renovação.
Um dos maiores entusiastas da Selva era sambista e também Cabo, Jailto Sodré, que passou (anos depois) por diversas escolas, e era cronometrista da antiga AGEESMA. Sodré faleceu em 11/6/2012.

A Bandeira da agremiação era separada na diagonal pelas cores Verde e Branco. Havia uma imagem de uma carranca de uma Onça exatamente no meio dela.

Foi uma escola de samba revolucionária em Manaus.

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