
Imagine uma cidade como um corpo humano. As ruas são como as veias e o transporte como o sangue que circula para dar vida a esse corpo.
Um corpo vive, respira, corre, ri. Também chora, adoece, fraqueja. Quanto melhor ele for cuidado, menos sofrimento e mais alegria terá.
Assim é com a cidade. Ela também carrega sentimentos, esperanças, sonhos de quem nela mora. Quanto melhor cuidada, mais felizes são as pessoas, mais bonita é a cidade.

A nossa cidade de Manaus vem sofrendo, sofrendo muito. Sofrendo por desleixo com algumas de suas funções vitais. Suas ruas estão esburacadas atrapalhando o transporte, como se fossem veias entupidas que dificultam a circulação do sangue.
E o ônibus, esse sangue que leva vida para todo o corpo, está mal cuidado, circula muito devagar, por horas para, e o corpo, a cidade e nós que aqui vivemos sofremos.
Até quando nossa cidade vai suportar essa crise no transporte coletivo? Até quando trabalhadores vão se amontoar em terminais sujos, desorganizados, mal iluminados e mal cuidados? Até quando estudantes esperarão horas pelo seu ônibus? Até quando empresários bancarão o vale transporte dos seus funcionários sem saber se eles chegarão ao trabalho no horário? Até quando a economia da cidade sofrerá os efeitos de consumidores que não consomem simplesmente porque não conseguem sair de casa com as greves? Até quando?
O mais grave é que o corpo sofre sem qualquer tratamento e sem perspectiva de cura. Parece que nada está acontecendo.
A Prefeitura segue sem autoridade e não apresenta nenhum plano que em médio ou longo prazo ofereça uma solução estruturante para que tenhamos um transporte eficiente, confortável e rápido, consequentemente, uma cidade mais sadia.
A solução passa por planejamento, obras de infraestrutura, embarque de tecnologia, transparência na definição da tarifa, retomada da autoridade.
Enquanto a Prefeitura segue omissa você lê esse artigo na sua longa espera pelo seu ônibus no terminal ou já dentro de um ônibus velho, lotado, quente e que anda muito devagar. E, apesar de tudo, segue lutando por uma vida mais digna para sua família e para que a cidade não pare.(*Marcelo Ramos é advogado, professor universitário e escritor.)