
A cultura dos anos 1990 voltou com tudo: a estética, a música e até a forma de vestir estão buscando referências na virada do milênio. Agora, as crianças também entraram na moda: os bichinhos virtuais — popularizados pelo icônico Tamagotchi — são os novos desejos de consumo das crianças neste fim de ano.
Amanda Luiza, de 7 anos, ficou encantada com o brinquedo — um pequeno dispositivo eletrônico com visor, em que é preciso cuidar de um pet. Ela ganhou o bichinho virtual em outubro passado e se tornou uma mini especialista em casa. Com a mãe, Claudia Pinheiro, a menina descobriu algo bem diferente de um smartphone.
“Ela ganhou de Dia das Crianças porque eu lembrei da época que o meu sobrinho tinha. Vi que ia ter o lançamento do Tamagotchi de novo, e imaginei que ela fosse ficar super empolgada”, conta Claudia, que ajuda a filha a dar “comida” e “remédios” ao pet digital.
O Tamagotchi é uma criação da empresa japonesa Bandai, lançado em 1996, bem antes de os smartphones serem alternativa de brinquedo para crianças.
Com centenas de opções de animais para cuidar, o bichinho virtual dá aos “donos” a missão de gerenciar a vida do pet: para que ele sobreviva, é preciso alimentar, dar injeções, colocar para dormir e fazer atividades físicas com o animalzinho. Alguns modelos possuem, inclusive, sinalização sonora para avisar quando precisa de alguma coisa — e eles apitam independentemente da hora do dia.
Ser “pai de pet” virtual é mais uma das tarefas que Cleiton Cruz, de 36 anos, exerce. Quando criança, o empresário também fez parte da turma que alimentava e passeava com o bichinho. Agora, é o Tamagotchi da filha Clarice, de 4 anos, que o faz voltar para a infância.
“A gente entrou em uma loja infantil e ela ficou encantada com o bichinho. Mas quem mais se diverte sou eu. Quando apita, ela vai ver e chamar a gente para ajudá-la a cuidar “, conta Cruz.
Clássico
Segundo André Pase, professor de comunicação digital da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a volta dos bichinhos virtuais é uma das tendências na prateleira dos clássicos dos anos 1990 passados de pai para filho, por ter marcado toda uma geração.
“Ele já é um brinquedo tradicional, já faz parte da cultura. E esse tom tecnológico o ressalta como uma coisa com que a molecada já lida bem”, explica Pase. “Ele demanda que você fique todo tempo mexendo nele, interagindo na rotina dele. É um eletrônico feito para ser chaveiro na mochila, então também tem essa coisa de ficar apegado porque ele é feito para brincar com você.”
Assim como nos anos 1990, há várias lojas que oferecem bichinhos virtuais a um leque de preços que pode variar de acordo com o material, fabricação e funções. A fabricante japonesa, por exemplo, relançou o Tamagochi no fim do ano passado, acoplado a uma pulseira para ser vestida como um relógio pela criançada. Outra novidade é a tela colorida, avanço em relação às décadas passadas.
Preço elevado
O brinquedo da Bandai retornou ao mercado por US$ 60 (cerca de R$ 320). Aqui no Brasil, assim como nos anos 1990, é possível encontrar os dispositivos não originais com preços a partir de R$ 20. Mas, para quem quer o autêntico Tamagotchi, ou uma variação mais rebuscada, o valor desembolsado pode chegar a R$ 485.
Fonte: UOL