Escola de formação de políticos – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Relembro aspectos menos encantadores do louvado jeitinho brasileiro (também responsável pela burla a leis, em nome do (‘‘jogo de cintura’’) para buscar compreender as cenas grotescas a que assistimos, entre membros do Poder Legislativo, nas diversas esferas, em diferentes pontos do território nacional, em diferentes momentos. É certo que também assistimos a processos inéditos, que levaram à retirada, da cena oficial, de figuras que anteriormente ocuparam lugares destacados, tudo provocado por comportamentos inaceitáveis, antirregimentais, ilegais. Discussão franca e abertura pública dos procedimentos — facilitada em boa parte pela presença correta da mídia — propiciaram o início de novos ares para a democracia tenra que se constrói no Brasil.


Lamentavelmente, não deixaram de continuar havendo sopapos e troca de insultos entre outros representantes eleitos pelo povo para representá-lo na defesa da cidadania e não na cópia das características que mais o fragilizam, porém o início de transformação é evidente.

É por isso que vale a pena que as autoridades, por exemplo, do Poder Legislativo, pensem alternativas para a formação dos políticos, que haverá de redundar em benefícios para a população como um todo, tanto em termos de ser mais bem representados quanto em relação à possibilidade de transformação de mentalidade. É evidente que o Brasil tem, dentro de si, a convivência de vários brasis, não só na óbvia diversidade étnica, racial, cultural, religiosa — e já é difícil adjetivar, tão diversa é — como também na multiplicidade de modos de mentalidades, que se combinam com a diversidade. Não se trata de refletir sobre a heterogeneidade de, por exemplo, posições políticas que convivem no interior de cada uma das diferentes manifestações da diversidade. Trata-se de algo diferente, que torna o quadro mais complexo, impossibilitando previsões.

Que tal imaginarmos, por exemplo, os políticos fazendo visitas por todo o Brasil, não apenas os candidatos a presidente, que não podem escapar da sina, mas candidatos em geral, para que possam conhecer o Brasil de que tanto se fala, mas que pouco se conhece. Que possam ver as populações diversas, expressando a pluralidade cultural que temos, conversando com o povo, pelas ruas, sem intermediários ou mediadores. Seria uma forma de compreender melhor a dificuldade que é a construção da democracia, constatar que o empenho compensa, exigindo esforço, que auscultar mentalidades é uma forma de colocar em xeque a que se tem.

Temos representantes que nos dignificam e mostram a força da história do país: que possam ser líderes e mestres de um processo e uma escola, em que a argumentação competente, gentileza e conhecimento do Brasil sejam vitoriosos contra modos menores de exercer, ou propagandear, a possibilidade de representar o povo brasileiro claro, mas para conhecer in loco a realidade porque atuam, cujos interesses defendem. Somos um povo habituado, o mais das vezes, a transformar as coisas mais graves em jocosidade, levando a atitudes que a tudo vulgarizam, banalizando o que é nobre e digno, muitas vezes ridicularizando-o, ou menosprezando conquistas importantes.

Pensemos numa escola de formação de políticos com temas como democracia, instâncias do poder, presidencialismo e parlamentarismo, história dos partidos políticos, engenharia dos votos, sistemas eleitorais e acima de tudo uma boa carga horária de ética. Se bem que tem alguns velhos conhecidos que só querem fazer da política balcão de negócios.

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