
Após um ano de seca recorde na Amazônia em 2023 e uma temporada chuvosa abaixo da média, os rios da região estão secando rapidamente desde junho, trazendo a ameaça de uma nova estiagem severa. De acordo com previsões do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), todos os rios da bacia amazônica têm grandes chances de atingir níveis historicamente baixos, agravando a crise hídrica na região.
A combinação de altas temperaturas e chuvas insuficientes, após um ano extremamente seco, desenha um cenário alarmante. O climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), alerta que os rios não se recuperaram da seca anterior e já estão mais baixos do que no mesmo período de 2023. A esperada chegada do fenômeno La Niña, que traria mais chuvas, não se concretizou devido à falta de resfriamento das águas do Pacífico, o que piora ainda mais a situação.
Os impactos são severos em toda a Amazônia. No rio Solimões, na região de Tabatinga, as águas estão perigosamente próximas do mínimo histórico de 2010, com 65% de chance de ultrapassá-lo. O rio Negro, que banha Manaus, também preocupa, com possibilidade de registrar níveis ainda mais baixos do que os observados em 2023. Além disso, o rio Purus corre o risco de ficar abaixo dos quatro metros, agravando a escassez de recursos hídricos.
A seca já afeta diretamente a vida das comunidades ribeirinhas, isolando regiões inteiras devido à falta de navegabilidade dos rios. Plantios e pescas estão comprometidos, e o transporte de mercadorias, que depende das hidrovias, enfrenta grandes dificuldades. Em resposta, o governo do Amazonas declarou estado de emergência em 62 municípios, com 77,5 mil famílias afetadas pela falta de água e alimentos.
As autoridades estão tentando mitigar a situação com obras de dragagem nos principais rios, como o Madeira, que é vital para o transporte na região Norte. No entanto, o esforço pode ser insuficiente para evitar os prejuízos econômicos e sociais decorrentes da seca histórica, que já se reflete no aumento dos custos de frete e na alteração das rotas de transporte de grãos e fertilizantes.
Fonte: InfoMoney