
Carlos Magno, morador do Lago Tefé há 40 anos, observa a maior seca de sua vida. “A água baixou muito mais que em 2023”, diz, preocupado com a tendência de piora. Mecânico de barcos, ele vive em um flutuante e considera mudar-se para a terra firme devido à seca prolongada, que já o deixou dois meses sem trabalho.
Em 2024, o Lago Tefé atingiu seu nível mais baixo em décadas, com a água a 4,54 metros, 13,5 metros abaixo de junho. Além disso, as temperaturas chegaram a 40,3 ºC, como no ano anterior. Em toda a Amazônia, a seca afeta 69% dos municípios, com mais de 850 mil pessoas impactadas, e todos os 62 municípios do Amazonas estão em estado de emergência.

O aumento das secas e cheias extremas preocupa especialistas como Ayan Fleischmann, do Instituto Mamirauá. Monitoramentos recentes indicam que os lagos da Bacia Amazônica têm registrado temperaturas mais altas, com impactos nos seres vivos. Em 2023, a seca matou mais de 200 botos e tucuxis no Lago Tefé, com temperaturas acima de 40 ºC.
Este ano, o ICMBio e o Instituto Mamirauá anteciparam-se à tragédia com um monitoramento intensivo. No entanto, não houve mortes por superaquecimento, mas 14 animais morreram devido a interações humanas, como pesca e caça ilegal. Em Coari, a organização Sea Shepherd contabilizou 37 carcaças, a maioria com sinais de ação humana.

A seca também agrava a disputa entre pescadores e botos, que danificam redes de pesca. Em resposta, dispositivos sonoros estão sendo testados para afastar os animais das malhadeiras, mas enfrentam resistência dos pescadores devido ao custo e ao receio de que a pesca diminua.
Apesar dos desafios, pesquisadores continuam a buscar soluções para mitigar os impactos da seca e proteger a fauna amazônica.
Fonte: brasi.mongabay