Projeto de fome e paternidade – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Poucas vozes, até por extravagância ou por ideologia burra de péssimo gosto se fizeram ouvir em oposição ao plano do presidente Lula de acabar com a fome no Brasil. Maioria delas, lembre-se de passagem, menos contra o mérito do projeto e sim quanto à forma de sua execução. Seu propósito, no geral, tem sido respeitado e louvado devidamente, ainda que para alguns seja considerado inexequível.


Fico no mérito. E torcendo, e até rezando a meu modo, para que ele resulte inteiramente exitoso. Nem poderia ser de outra forma. Tenho-o na conta de um projeto cujos objetivos transcendem em muito um simples programa de governo, uma motivação política estrito senso. Seus fundamentos são de natureza ética, moral, humana. De sentimento cristão, enfim, no mais amplo significado da expressão.

A propósito, me ocorre a lembrança de que sua divulgação e execução devessem ser acompanhadas de uma pregação que lhe daria ainda maior alcance e profundidade. Refiro-me a uma campanha que muito se relaciona com o propósito de extinguir com o flagelo da fome. Seu tema: paternidade responsável – assunto que lastimavelmente não foi sequer aflorado durante a última campanha eleitoral por nenhum dos candidatos à presidência da república e aos governos estaduais. Escrevi “paternidade responsável” e apenas isso deliberadamente. Cautelosamente, deixei ao largo até mesmo a expressão planejamento familiar, mais distante ainda qualquer referência ao que se pudesse interpretar como uma pregação a favor do controle da natalidade.

No caso, não importa o nome que se venha a dar ao assunto. O que interessa é seu conteúdo, sua relevância como fator gerador de pobreza, de miséria, de fome, enfim, para milhões de brasileiros gerados irresponsavelmente em número cada vez maior do que a capacidade de provê-los por aqueles que os puseram no mundo. Mais do que quaisquer palavras, do que os mais longos discursos a favor de uma larga pregação a favor da urgência de que o tema paternidade responsável seja devidamente considerado e transformado em realidade, falam as estatísticas que nos dão conta do número de crianças brasileiras que mendigam em nossas cidades e até mesmo nas estradas, em grande parte sendo usadas por seus pais como meios de arrecadação das esmolas para suprir a mais elementar das necessidades humanas, que é a fome.

Sobre o assunto, por hoje, fico nesta singela abordagem de duas calamidades nacionais que podem, devem e precisam ser enfrentadas conjuntamente: fome e paternidade irresponsável.

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