
“O Amazonas enfrenta grandes desafios a partir da necessidade de criação de uma estrutura nos municípios que faça com que quem lá habite tenha orgulho de estar lá, quem esteja lá não sinta a necessidade de migrar para a capital do Estado a fim de poder oferecer a seus filhos ensino médio de qualidade moldado na inclusão digital, infraestrutura de conectividade que, acima de tudo, aproxima as pessoas, muda a realidade e proporciona bem estar. Imagine-se se tivéssemos uma estrutura de conectividade de excelência, em que o cidadão pudesse ter acesso expedito a serviços de telessaúde; em que um adolescente, cursando, no interior, o ensino médio que lhe permitisse acesso a módulos de preparação para o sistema de avaliação da Universidade Estadual ou Federal. Certamente, em tais circunstâncias, o êxodo rural em direção a Manaus não teria a expressão demográfica de hoje, resultando na superpopulação da cidade a pressionar serviços de educação, saúde pública, saneamento básico, infraestrutura viária, transporte, etc.”.
Estas preocupações foram manifestadas pelo vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza, em entrevista recente à rádio BandNews, quando esboçou realístico quadro conjuntural político, social e econômico do Estado. Para ele, o grande desafio da classe política é fazer com que haja uma estrutura mínima no interior do Estado, observando: “não se vive sem o arranjo econômico industrial criado há mais de cinco décadas (a Zona Franca de Manaus), que ora demanda diversificação por meio de outros veios, de alternativas complementares e integrantes voltadas ao fortalecimento do interior e da própria economia do Estado”. Se o Amazonas tivesse em operação o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), por exemplo, na região do Purus e do Madeira, certamente conseguiríamos diminuir o arco do desmatamento e potencializar as vocações naturais da região por meio de atividades agropecuárias, da piscicultura, da mineração, do turismo ecológico ou do manejo florestal sustentável, ressaltou.
O vice-governador amazonense propõe a definição de regras técnicas a partir da regularização fundiária e da estrutura de fiscalização ambiental que respeite a necessidade de expansão das atividades rurais por meio da legalização das propriedades e de programas de crédito especializado. Enquanto isso, afirma, “devido a essas carências, convivemos com um setor primário bastante limitado dependente de políticas públicas ajustadas à conjuntura que nos ajudaria a sair dessa perplexidade, que é comprar fécula de mandioca do Pará; proteína de peixe de Rondônia e de Roraima ou cheiro verde, numa determinada época vindo do Nordeste”.
Tadeu de Souza observa cotidianamente, por outro lado, “esforço da Secretaria de Meio Ambiente e da Sedecti trabalhando para vencer esses desafios, sem, contudo, contar com espaço fiscal, orçamentário, visto tratar-se de políticas públicas muito dispendiosas”. Enquanto isso, “o Estado consome orçamento com demandas políticas algumas vezes desconectadas da necessidade de melhorar a vida das populações interioranas”. Além do mais, inserida numa realidade latente em todo o país, grave e crescente proliferação de organizações criminosas a contaminar setores estratégicos. Dos 27 estados da federação, o Amazonas depara-se com uma particularidade importante: faz fronteira com os três únicos países do mundo produtores de drogas, os países andinos, de onde provêm 75% de toda a cocaína e maconha que chega à Europa, à Ásia e aos Estados Unidos por meio das hidrovias amazonenses. Portanto, ressalta, “o arranjo de segurança pública, as forças domésticas, não são suficientes para o efetivo combate do tráfico e assim precisa urgentemente ser socorrido pelo governo Federal por meio de uma estratégia nacional de segurança pública”. Há áreas no Brasil em que o crime nunca antes chegou a dominar, como a área financeira, as fintechs, hoje, porém, seriamente contaminadas por organizações criminosas”, ressalta.
Manaus, 9 de junho de 2025.