
AFP PHOTO / South Korea Coast Guard
Enquanto equipes de busca se arriscam na difícil tarefa de encontrar sobreviventes do naufrágio da balsa sul-coreana, ocorrido no último dia 16. Parentes dos passageiros desaparecidos mantêm fracas esperanças de ainda encontrar com vida seus entes queridos.
Tais crenças, porém, não são infundadas. É possível que se tenham formado bolhas de ar dentro do navio naufragado e que alguns passageiros tenham se mantido dentro dessas poucas zonas com oxigênio.
Segundo o site da emissora americana CNN, as probabilidades de isto ter acontecido são bem pequenas, particularmente após a balsa ter ficado inteiramente submersa na sexta-feira (18). Mas os familiares agarram-se a uma história milagrosa de sobrevivência como razão para que as buscas continuem.
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Em maio de 2013, um rebocador com uma tripulação de 12 pessoas afundou na costa da Nigéria. Dois mergulhadores foram enviados para resgatar os corpos, assumindo que todos a bordo haviam morrido. Afinal, o barco estava a 30 m de profundidade.
Três dias se passaram. E, quando um mergulhador foi puxar a mão de alguém que pensou que tivesse morrido, descobriu que se tratava de Harrison Okene, o cozinheiro do barco, que havia sobrevivido.
Okene passou 60 horas com uma bolha de ar de pouco mais de um metro, a qual havia feito de refúgio. “O resto de minha vida não é suficiente para agradecer a Deus por esta maravilha, é inacreditável”, ele disse a um jornal local na época.
Outras pessoas lembram que, quando o navio italiano Costa Concordia naufragou, alguns sobreviventes foram resgatados após permaneceram mais de 30 horas presos dentro da embarcação.
Porém, será que esses dois casos são semelhantes ao que acontece com a balsa sul-coreana Sewol?
No caso do Costa Concordia, o barco não estava totalmente submerso, mas Sewol está.
Quanto a bolsas de ar, elas poderiam proporcionar àqueles a bordo uma chance de sobrevivência, de acordo com o perito Kim Petersen.
“É difícil dizer quando não se conhece a causa do naufrágio”, disse.
— Se tiver sido devido a problemas em uma das portas do navio, isso teria causado inundações muito rapidamente e reduzido a chance de bolsas de ar. Mas é preciso observar que a embarcação possui cerca de 150 m de comprimento está em uma profundidade que pode variar entre 20 e 35 m. Ou seja, há uma forte possibilidade de que existam bolsas de ar e sobreviventes.
Porém, se houver passageiros nessas condições, eles precisariam manter a calma e respirar devagar, para conservar o oxigênio por tanto tempo.
No entanto, Petersen observa que resgatar pessoas refugiadas nessas bolsas de ar não é fácil. Os mergulhadores precisam lidar com fortes ventos e ondas muito agitadas, pois o clima está muito desfavorável no local do naufrágio.
Além disso, há o problema da temperatura. A água está a 10°C na região da balsa e, nessa temperatura, a exaustão chega em uma ou duas horas. E a expectativa de sobrevivência não ultrapassa as seis horas, de acordo com a meteorologista da CNN, Samantha Mohr.
Mas as equipes de resgate continuam injetando ar no casco do navio. Assim como os familiares, elas ainda não estão prontas para desistir.
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