
Caros leitores, desculpem a hipérbole do título do artigo, mas tem um motivo. Tenho o hábito de rasgar a folhinha a cada dia do mês, e ler a mensagem que traz cada dia. Está semana, a mensagem que li, de Moam Chomsky, dizia: “A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica, e deixar cicatrizes no cérebro”. Então me propus a escrever sobre o trabalho da imprensa e da mídia, cuja motivação está assentada na leitura desta folhinha mensal, e na leitura sistemática dos jornais e na escuta de informações do rádio e televisão de um modo geral. Muito raramente se verifica uma cobertura ou um comentário mais instigante e impertinente, dando a impressão de que se estabeleceu uma espécie de quase “lealdade” de alguns jornalistas e comentaristas políticos em relação a alguns homens e instituições públicas, sendo este tratamento benevolente ainda mais evidente quando se trata de alguém que está de plantão no exercício do poder.
Um dos campos do jornalismo objeto de melhor investigação é, certamente, o dos jornalistas especialistas de informação política, aqueles que têm por rotina cobrir as atividades da politica (governos, parlamento, partidos etc.), isto é, o processo complexo de encontros, trocas e fluxos de influência que permeiam as ações dos agentes políticos e seus colaboradores e os mecanismos pelos quais estes espaços de ação politica funcionam e se autorregulam.
A mídia contribui para a definição da realidade política e para o estabelecimento da ordem do dia nos assuntos de interesse público. Projetando a luz sobre os problemas, publicizando as exigências, estimulando os debates, despertando as consciências, afetando as escolhas das autoridades políticas e sua capacidade de controlar os acontecimentos.
Examinando as relações das empresas jornalísticas, (blogs e portais) com o universo político do nosso Estado, observamos como estas relações estão historicamente permeadas de interesses travessos à produção de informação e a preocupações de natureza jornalística, e voltados para a satisfação de interesses econômicos e comerciais das empresas. A troca de favores é uma das finalidades das alianças estabelecidas entre o universo da política e das empresas de comunicação como é possível vislumbrar através de alguns exemplos aqui em Manaus, com blogs e portais feitos com o único fito de barganhar, para não publicar escândalos, permitindo aos empresários do setor a expansão de seus negócios e aos políticos a certeza de uma “tribuna” para propagandear seus feitos defender ideias e atacar adversários.
Importante observar que nas sociedades modernas e democráticas, os sistemas políticos, repousam na solidez e bom funcionamento das instituições e na livre participação dos cidadãos na vida pública, sendo a comunicação peça chave desta engrenagem. A comunicação política, como a definem alguns especialistas, é uma “permuta de informação, entre governantes e os governados, através de canais de transmissão estruturados ou informais”.
Para encerrar, e parafraseando Moam Chomsky, quando um blog ou portal, ou mesmo um jornal de grande circulação, deixa de publicar alguma coisa de interesse público, pela, repito “lealdade” com o agente público, não deixa também de causar danos e cicatrizes no cérebro, por indigência, criando uma imprensa com tendência a reproduzir antes de subverter, anuir ao invés de contestar, fazendo raramente o uso da função reveladora e denunciadora atribuída comumente ao jornalismo. E ainda mais, quando por vindita, acusa homens ou mulheres públicas ou não, servindo de veículo para acusar e denegrir imagens, por falta do como citei acima de “interesses travessos” para ser bem elegante.