A quantas andam as fantasias de todo dia – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Caros leitores (a), sou levado a um senso crítico toda vez que escrevo, a não ser quando homenageio alguém, por merecimento e não por puxasaquismo.


Gosto da alegria do carnaval, já brinquei, nos salões do Rio Negro, Ideal, Olímpico, Bancrevea, Cheik, Nacional, AABB( Associação do Banco do Brasil), bandas da Bica, Boca em Manaus, no Carnaval da Sapucaí na Mangueira, na União dos Moedeiros da Casa da Moeda e no Monte Líbano no Rio de Janeiro, e inclusive sou letrista de uma escola de samba de São Gonçalo, também no Rio, a Unidos do Porto da Pedra, bom como citado, brinquei muito o carnaval, hoje em dia não mais me apraz, principalmente pela degradação da folia e do espírito cultural da festa momesca. Mas esse introito, é para fazer comentário sobre a festa. Se fantasia é roupa colorida para alguns dias de desfile ou bailes dos grande (e pequenos) clubes, tudo bem.

Mas a quantas andam as fantasias de todo dia? Como será que cada brasileiro está vivendo este momento social que fez tradição como um tempo de festa? De quantas máscaras se precisa hoje para fazer rolar bem o tempo real, um dia depois da quarta-feira de cinzas? As caricaturas de mulheres grávidas, freiras, donzelas e peruas muito produzidas seria mera repetição.

Vamos conferir a criatividades dos modelitos nas ruas este ano! A turma do bloco é a mesma que faz parte da tribo para as festas e reuniões do ano inteiro, ou o carnaval é aquele tempo em que não se quer por perto as testemunhas oculares que poderiam depois queimar o filme com revelações nem sempre apropriadas? A mascara brasileira como elemento de linguagem cênica este ano, e com o seu lado humorístico, coloca Bolsonaro, Lula, Alexandre de Moraes e Trump, como as mais usadas neste carnaval. A máscara brasileira é o jeitinho de pular a cerca no carnaval, mas no resto do tempo é a única arma disponível para sobreviver sem dançar, neste mar de corrupção que invadiu o país. Que sobreviva lindo o nosso carnaval com tudo o que tiver direito! E que caiam as mascaras dos que ainda teimam em permanecer no anonimato da teia de falcatruas. Encerro com estrofes da música “Vai Passar” de Chico Buarque.

Dormia
A nossa pátria-mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
E um dia afinal
Tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval

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