Acúmulo de gordura no abdome e no rosto pode indicar Síndrome de Cushing

Foto: Towfiqu Barbhuiya/Pexels

Quando se fala em sobrepeso ou obesidade, é comum associar o problema a maus hábitos alimentares e sedentarismo, mas o acúmulo de gordura no corpo pode ter origens bem diferentes. A síndrome de Cushing é uma delas. Também chamada de hipercortisolismo, a doença é causada pela alta concentração de cortisol no corpo, conhecido como hormônio do estresse.


O problema está no rol de doenças raras que afetam cerca de 13 milhões de brasileiros, conforme estimativas do Ministério da Saúde. Mas ainda não há dados específicos sobre o número de pessoas afetadas pela síndrome no país.

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas entre os mais comuns está o acúmulo de gordura na região do abdome e no rosto, o que, por vezes, destoa de braços e pernas, que continuam magros.

Sendo uma doença progressiva, a síndrome de Cushing também pode apresentar como sintomas estrias largas e violáceas (roxas) no abdômen, fraqueza muscular, hipertensão de difícil controle, pré-diabetes, cálculos renais, além de aumento nos pelos do rosto (principalmente nas mulheres), ciclo menstrual irregular, diminuição da libido e da fertilidade.

“Alterações glicêmicas e osteoporose em idade precoce também são achados comuns pertinentes ao tempo e avanço da doença”, ressalta a endocrinologista Larissa Figueiredo, consultora do Sabin Medicina Diagnóstica.

A especialista detalha que “a síndrome ocorre quando o nível de cortisol no corpo está desregulado, seja por fatores endógenos (internos) – quando as glândulas suprarrenais [acima dos rins] produzem o hormônio em excesso, ou a partir de fatores exógenos (externos), quando há uso em demasia de medicações derivadas do cortisol, a exemplo dos corticoides (anti-inflamatórios potentes)”.

O cortisol é vital para o funcionamento do organismo, ajudando a regular o humor, a pressão arterial, os níveis de açúcar no sangue e dando energia aos músculos. Também auxilia na função inflamatória do sistema imune e regula o metabolismo dos alimentos.

Diagnóstico e tratamento

Conforme o Ministério da Saúde, a maioria das pessoas com doenças raras recebe o diagnóstico tardiamente, por volta dos cinco anos, e chegam a consultar até 10 médicos com especialidades diferentes. No caso da Síndrome de Cushing, pode haver dificuldade na identificação devido à condição ser confundida com doenças de sintomas similares ou até mesmo apenas com ganho de massa corporal.

“O diagnóstico é feito pelo endocrinologista a partir de exames de sangue, saliva e urina de 24 horas. Com esse material coletado, é possível verificar os níveis de cortisol e ACTH [hormônio que pode levar ao excesso de cortisol] que circulam no organismo”, resume Larissa Figueiredo.

O tratamento para a síndrome varia a depender da origem. Se envolver a ingestão de medicações à base de corticoides (para tratar inflamações e alergias crônicas ou agudas), o médico irá avaliar a diminuição ou retirada total dos fármacos. Já se estiver relacionada apenas à produção no corpo, o tratamento poderá ser clínico associado a cirurgia.

Prevenção e cuidados

Para os casos em que a síndrome de Cushing é causada pelo aumento da produção de cortisol no organismo, ainda não há prevenção conhecida, “mas é possível evitar os riscos através de acompanhamento médico, ao evitar estresse e realizar o tratamento corretamente”, frisa Larissa Figueiredo.

Artigo anteriorMunicípios do Amazonas recebem formulários para diagnóstico da educação pública infantil
Próximo artigoUniversidades federais do RJ podem fechar as portas por cortes do MEC

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui