
Está acontecendo o que se previa: o que estava ruim vai ficando cada vez mais recessivo no Brasil, embora muitos não acreditassem nisso. Pelo andar da carruagem a inflação já é contabilizada a 9% nessa semana, com tendência de chegar a 10%, muito em breve no Brasil.
Ainda assim, existem analistas de mercado acusando de alarmistas e apocalípticas as análises mais objetivas do mercado brasileiro.
Na Grécia antiga, o personagem mitológico Cassandra, que era considerada louca, avisou à família e ao povo para que destruíssem o “Cavalo de Tróia”, mas ninguém acreditou. E todos sabem o resultado: os gregos destruíram Troia.
No Brasil da atualidade, existe um quadro recessivo e os indicadores disso é a queda projetada do PIB. A tendência do dólar é retomar sua espiral de crescimento. A inflação vai continuar crescendo pelo efeito psicológico e pelo efeito real de mercado, que já impõe desemprego em várias áreas e afeta setores como: o automobilístico e o varejo. Nessa queda de braços, a indústria vem resistindo a repassar aumentos para o consumidor, em um jogo que não se manterá até o final.
A classe C, atingida pela crise, está buscando formas alternativas de gerar renda, para complementar renda: os preços estão subindo e nesse momento, além de forçar uma revisão no que gastar, busca-se recuperar renda com atividades paralelas. As contas não estão fechando, a poupança está esvaindo-se.
Um dos maiores investimentos do brasileiro, a poupança vem caindo a semanas, abaixo do nível da inflação, sendo um prejuízo para o pequeno investidor que continua a fazer saques crescentes, diminuindo a capacidade de aporte de recursos do governo para projetos imobiliários, especialmente para realizar o sonho da casa própria.
A situação realmente já configura o que está em evidencia, uma longa recessão que não atinge o Brasil mas também os mercados asiáticos, europeus e americano, em diferentes dimensões.
Projeta-se uma recessão de 10 anos no horizonte. Algo muito sério para não se levar em consideração pelos mandatários do pais e do Amazonas.
Nessa altura do campeonato ninguém mais põe fé que a Grécia vai honrar seus compromissos. A promessa do “eu vou pagar ainda esse mês” esta evaporando.
Internamente, vai crescer o endividamento da Petrobras, é o que tudo indica o novo plano de negócios a ser lançado dia 26. Ou seja, vai sobrar para o contribuinte brasileiro a conta pesada. Queimar ativos da empresa só vai ajudar a joga-la mais fundo ainda no descrédito internacional. Hoje entrou 1,5 bi de dólares do empréstimo chinês, mas não basta.
O grande desafio: aumentar o capital da empresa sem endividar-se. Como fazer isso? – Há caminhos mas o governo ainda não sinalizou que deve toma-los.
O mercado internacional já trabalha com a queda do ranking do Brasil, o risco do país aumentou e já é tratado como algo já acontecido. Faltam só anunciar por aqui.
Caminhos há para superar a crise federal e estadual mas o governo se comporta como o ouvinte de Cassandra, da Grécia Antiga, e pode ser atropelado pelos cavalos de troia da inflação e de outros males econômicos.
*Carlos Melchizedek é jornalista, desenvolvedor de negócios, Msc em Engenharia de Produção