Alfie Evans: entenda o caso do bebê que dividiu o Reino Unido

Foto: Divulgação

Assim como acontecera no ano passado com Charlie Gard, de 11 meses, a iminente morte de um bebê que sofre de uma doença incurável dividiu a sociedade do Reino Unido e virou tema do debate político na Itália, país onde há forte resistência à eutanásia e ao suicídio assistido.


Alfie Evans, de quase dois anos, terá seus aparelhos desligados por decisão da Justiça e contra a vontade dos pais, o que vem levantando discussões sobre os limites para interferência do poder judiciário na vida e nas decisões privadas dos cidadãos. Veja abaixo algumas questões para entender o caso:

Quem é Alfie Evans?

Nascido em 9 de maio de 2016, o bebê vive desde seu sétimo mês em uma unidade de terapia intensiva (UTI) da ala neonatal do hospital infantil Alder Hey, em Liverpool, no Reino Unido. Vítima de uma doença neurodegenerativa que está destruindo seu cérebro, ele sobrevive por meio de respiração e alimentação por aparelhos. Não se sabe exatamente qual patologia está tirando a vida de Alfie, mas suspeita-se de miopatia mitocondrial, a mesma que atingira Charlie Gard.

Ele pode sobreviver à doença?

Uma perícia pedida pela Alta Corte de Justiça do Reino Unido constatou danos irreversíveis ao cérebro do menino e uma perda de mais da metade da “substância branca”, responsável pela transmissão de informações no sistema nervoso. Os médicos dizem que ele está em estado “semivegetativo” e é incapaz de sobreviver sem auxílio de aparelhos. No entanto, o hospital Alder Hey chegou a desligar as máquinas no início da semana, e Alfie conseguiu sobreviver por cerca de 10 horas, renovando as esperanças dos pais, Tom Evans e Kate James. Os aparelhos foram reconectados.

Foto: Divulgação

Por que os aparelhos serão desligados?

A decisão foi tomada pela Justiça do Reino Unido, que autoriza o desligamento de aparelhos de pacientes que tenham passado um longo período em coma. Quando se trata de um menor de idade, a decisão cabe aos pais ou responsáveis pela criança. No entanto, se os médicos recomendarem o desligamento das máquinas e os genitores recusarem, um juiz pode intervir.

Os pais podem recorrer?

Os pais de Alfie já tentaram reverter a decisão em todas as instâncias da Justiça britânica e até na Corte Europeia de Direitos Humanos, mas todos os recursos foram negados. Agora eles querem conseguir autorização judicial para transferi-lo para a Itália. Até aqui, sem sucesso.

E qual o papel da Itália?

Em uma postura até certo ponto rara em situações do tipo, a Itália deu cidadania ao pequeno Alfie, que passou a ser “italiano”. Além disso, se ofereceu para recebê-lo e já deixou um avião pronto para decolar a qualquer momento de Roma.

Caso o menino seja transferido, ele será levado ao hospital pediátrico Bambino Gesù, situado na “cidade eterna” e administrado pela Igreja Católica, que exerce forte influência na política local. O papa Francisco defendeu a família de Alfie publicamente e disse que “o único dono da vida, do início ao fim natural, é Deus”. No “caso Charlie Gard”, o Bambino Gesù também se havia oferecido para tratar o bebê, mas ele acabou tendo os aparelhos desligados.

É eutanásia?

Em teoria, não. A eutanásia é a prática de abreviar deliberadamente a vida de um paciente em estado terminal. Não é o que acontecerá com Alfie. Em seu caso, será uma “ortotanásia” (ou eutanásia passiva), ou seja, levar à morte natural por meio da suspensão de tratamentos paliativos. Nestas situações o paciente pode, por exemplo, ser levado para morrer em casa.

Fonte: MSN

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