Alimentação saudável: o novo desafio do País – Por Arnoldo Campos e Michele Lessa

Alimentação saudável é o novo desafio do país que superou a subalimentação.
Alimentação saudável é o novo desafio do país
que superou a subalimentação.

Cada dia mais, as pessoas independentemente da faixa etária têm se preocupado em melhorar a sua alimentação e prevenir a obesidade e outras doenças associadas. O tema da alimentação saudável está na pauta da sociedade e os jovens pesquisadores e cientistas podem contribuir, e muito, para avançarmos em estratégias que promovam boas práticas, por meio do Prêmio Jovem Cientista.  


Atualmente, a população brasileira tem maior acesso à alimentação. A fome virou um fenômeno isolado no país, conforme comprovam os diferentes indicadores, como a redução da prevalência de desnutrição infantil e o aumento da renda. Este novo cenário suscita também uma nova agenda de Segurança Alimentar e Nutricional: a necessidade de melhorar a qualidade da alimentação, por meio da oferta de alimentos mais saudáveis, diversificados e que respeitem a cultura alimentar local.

O desafio envolve vários fatores, pois a população brasileira aumentou o consumo de alimentos com alto teor de açúcares (sucos, refrigerantes e refrescos), sal e gordura (produtos ultraprocessados), enquanto consome baixa quantidade de frutas, hortaliças e peixes e tem um padrão de vida sedentário. Além disto, notam-se algumas modificações socioculturais ao longo dos anos. Entre estas, destacam-se a perda da identidade cultural e o aumento do gasto com alimentação fora de casa, em função da urbanização, do aumento do poder aquisitivo e da distância entre a casa e o trabalho.

Por meio de edital público, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) selecionará projetos de educação alimentar e nutricional a serem implantados no Brasil.
Por meio de edital público, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) selecionará projetos de educação alimentar e nutricional a serem implantados no Brasil.

A dieta dos brasileiros de mais baixa renda apresenta melhor qualidade, com predominância do arroz, feijão, peixes e milho, com menor consumo de doces, refrigerantes, pizza, salgados fritos e assados. De modo semelhante, os brasileiros que moram na área rural, quando comparados com os residentes da zona urbana, apresentam dieta mais equilibrada, com maior consumo de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, farinha de mandioca, frutas e peixes. Já na zona urbana, observa-se um maior consumo de alimentos ultraprocessados. E os adolescentes consomem quatro vezes mais biscoitos recheados e menos feijão e hortaliças, quando comparados com adultos e idosos.

Felizmente, há muitas alternativas para mudar este cenário. É possível criar estratégias para voltar a valorizar o consumo dos alimentos regionais e das preparações tradicionais, promover o aumento da disponibilidade de alimentos adequados e saudáveis à população, estimular e buscar formas de aumentar a produção e a oferta de alimentos orgânicos e agroecológicos, buscar mecanismos para facilitar a prática habitual de atividade física e promover espaços de convivência (praças, parques e jardins) e uso de meios de transporte coletivos de qualidade que permitam hábitos e modos de vida mais sustentáveis.

Um importante aspecto a se considerar nesta agenda é que não podemos culpar o cidadão por estar obeso, fazer más escolhas alimentares ou não praticar atividade física. Atualmente há um conjunto de fatores que atrapalham aqueles que querem ter uma vida saudável: são horas gastas no trânsito, de casa para o trabalho e uma rotina laboral que impõe às pessoas horas e horas sentadas, reforçando o sedentarismo. Além disso, não há como se alimentar em casa na hora do almoço e, com isso, há maior frequência nos restaurantes de comida rápida e comidas a quilo etc.

Pensando em estimular e promover a mudança de alguns destes paradigmas e hábitos, o governo federal lançou a Campanha Brasil Orgânico e Sustentável, com o tema Alimentos para saborear a vida e cuidar do planeta . O objetivo é chamar a atenção de consumidores e restaurantes, hotéis e supermercados para a variedade de sabores e a qualidade dos produtos da agricultura familiar, bem como as vantagens dos produtos orgânicos e de comércio justo para a vida das pessoas e do planeta. Assim, ao mesmo tempo em que incentiva o consumo, a campanha estimula a produção e a comercialização, gerando renda e inclusão produtiva.

Os produtos são apresentados, de forma estratégica, em diversos eventos. Também podem ser encontrados em estabelecimentos, como restaurantes, supermercados e hotéis identificados pelos selos Aqui Tem Agricultura Familiar , Orgânico do Brasil , Comércio Justo , entre outros de localização geográfica. Os produtos vêm de associações e cooperativas localizadas em todo o país e respondem à qualidade e à diversidade necessárias a uma alimentação mais adequada e saudável.

Durante a Copa do Mundo 2014, os produtos selecionados sucos orgânicos, castanhas do Brasil, de baru e de caju, mel, barras de cereal, biscoitos integrais e sequilhos fizeram parte de um kit distribuído para os voluntários do governo federal, que despertaram para a importância de alimentos saudáveis e orgânicos. Também foram vendidos ao consumidor em quiosques da campanha montados em pontos estratégicos nas cidades sede do mundial, atraindo turistas de todo o mundo.

Além das diversas ações do governo federal, há, sem sombra de dúvida, importante papel da sociedade como um todo. E, com certeza, as descobertas de jovens e engajados cientistas contribuirão para a criação e promoção de ambientes que facilitem a adoção de um estilo de vida saudável pelos brasileiros.

 

Analdo Campos
*Arnaldo de Campos é secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Michele Lessa é diretora do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Artigo anteriorSons das caixas-pretas de avião da AirAsia são detectados
Próximo artigoMinistro da Fazenda diz que Inflação vai subir nos próximos meses

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui