
Baseado numa ideia americana, mas com a criatividade e o jeitinho brasileiro, dois alunos e um professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap) desenvolveram um pequeno microscópio gastando cerca de R$ 25, utilizando materiais reutilizados e pequenos acessórios. O objetivo é expandir a produção e aumentar o ensino de Biologia em escolas públicas sem laboratórios.
O projeto necessita apenas de parafusos, capas de CD e pequenas lanternas. As lentes são formadas por leitores de DVD reaproveitados. Além disso, a visualização de pequenos microorganismos pode ser feita no microscópio com o uso do celular, comum entre os estudantes.

Desenvolvido pelos alunos Carlos Eduardo Silva e Thaís Rodrigues, ambos de 16 anos, orientados pelo professor Joádson Rodrigues, o projeto concorre à premiação na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que ocorre de 13 a 15 de março na cidade de São Paulo.
“Aqui no Ifap não tínhamos o laboratório de biologia quando entrei, em 2016. O professor havia visto esse trabalho na internet nos Estados Unidos e quis trazer para a nossa realidade. Fomos vendo o projeto original e trocando as peças para outros materiais mais acessíveis”, comentou Carlos Eduardo, que cursa Edificações.

Para montagem do aparelho foi usada uma base com sobras de alumínio composto, mas que pode ser substituído por acrílico. Os parafusos servem para fixar a parte superior e regular a posição do item a ser visualizado na lente do DVD. O celular funciona como a lente ocular do microscópio.
“Ele é fundamental na disciplina de ciências no estudo de citologia. Para visualização de células se precisa de lentes e ele pode ser usado em escolas que não tem. O próprio professor pode construir com os alunos. Nós elaboramos um manual e o custo é muito baixo”, explicou o professor Joádson.

Para figurar na disputa, organizada pela Universidade de São Paulo (USP), o trio venceu com o projeto a 5ª Feira de Ciências e Engenharia do Estado do Amapá (Feceap) na categoria Ciências Biológicas Ensino Médio. A proposta também concorre em votação popular no site da Febrace.

Independente do resultado, o Ifap vai iniciar ações de extensão para levar o microscópio para escolas da periferia e da Zona Rural. “Essa extensão vai ser proposta para as escolas ribeirinhas, onde não tem esse laboratório. Vamos educar professores e alunos, pois não precisa nem de energia elétrica, somente o celular”, declarou Márcio Castro, diretor-geral do campus Macapá.
Fonte: G1