Alunos indígenas têm ensino de robótica na comunidade Terra Preta

Foto: Recorte

A Escola Indígena Municipal Arú Waimî, localizada na Comunidade Terra Preta, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, a 80 quilômetros de Manaus, deu um importante passo na inovação educacional com a chegada do ensino de robótica. Nesta segunda-feira (12), a equipe de Robótica da Escola SESI Dra. Emina Barbosa Mustafa, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), realizou a entrega do Kit Lego Education Spike Prime à escola indígena, marcando o início de um novo capítulo na formação dos estudantes locais.


Para que essa iniciativa se concretizasse, a equipe percorreu o rio Negro em uma lancha durante cerca de três horas. Participaram do ato de entrega a gestora da Escola SESI, Ana Karina de Holanda, o gerente de tecnologia educacional da Semed, Austônio dos Santos, o cacique Clodoaldo Silva Aleixo e o diretor da escola indígena, Anderson Ribeiro. A entrega foi acompanhada por uma oficina de capacitação em robótica para quatro alunos da comunidade, que assumirão o papel de multiplicadores, disseminando o conhecimento adquirido entre os demais colegas.

Essa ação é fruto de uma parceria entre o SESI Amazonas e a empresa Ardagh, iniciada em 2023, com o objetivo de capacitar professores da rede pública de Manaus para o ensino de robótica. Desde então, 32 professores de oito escolas já foram treinados, fortalecendo o uso da robótica como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.

Foto: Recorte

Austônio dos Santos enfatiza a importância desse projeto, destacando que a robótica educacional não apenas aprimora habilidades técnicas, mas também desenvolve competências essenciais para o século 21, como o trabalho em equipe e a resolução de problemas. Essas habilidades são fundamentais para a futura empregabilidade dos estudantes, ampliando suas oportunidades.

A oficina de robótica foi conduzida pelos professores Vitor Gabriel de Souza e Ana Caroline da Silva, que trabalharam com os alunos Fernanda Brazão, 14 anos, do 9° ano; Max Guilherme Brandão, 11 anos, e Rodrigo Manoel Ambrósio, 11 anos, ambos do 6° ano; e Caleb Paulino Aleixo, 14 anos, do 8° ano. Fernanda descreveu a experiência como “maravilhosa” e destacou a importância de repassar o aprendizado para seus colegas, afirmando que “indígena também pode aprender” enquanto montava as peças do kit.

Desafios da Educação à Beira do Rio Negro

A jornada até a comunidade Terra Preta é repleta de desafios. Para chegar ao local, a lancha movida a diesel leva cerca de 2h20 em condições normais, mas, devido a problemas mecânicos, a equipe levou cerca de três horas para completar o trajeto com a ajuda da Prefeitura de Manaus. Esses contratempos são comuns e refletem as dificuldades logísticas enfrentadas na região.

Os professores, muitos dos quais residem em Manaus, precisam se alojar na vila indígena para minimizar o impacto das longas viagens e garantir a continuidade das aulas. O diretor Anderson Ribeiro explica que o calendário escolar é adaptado para evitar os períodos de estiagem, quando a navegação no rio se torna inviável, prejudicando o transporte dos alunos e o acesso à escola.

A Escola Indígena Municipal Arú Waimî, com mais de 30 anos de história, oferece educação desde o Maternal até o Ensino Fundamental 2 e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Com seis salas de aula e 46 alunos, a escola é bilíngue, ensinando em português e nheengatu, e enfrenta diariamente os desafios impostos pelo isolamento geográfico e pelas condições naturais da Amazônia.

Apesar das dificuldades, a introdução da robótica na comunidade Terra Preta representa um avanço significativo na educação indígena, ampliando horizontes e preparando os alunos para os desafios do futuro.

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