Amazonas quer melhorar o turismo?

Manaus mais que dobrou sua capacidade hoteleira nos últimos anos. A qualidade dos restaurantes também cresceu muito. Todos os anos forma mais de uma centena de profissionais de turismo. No entanto, o crescimento do número de turistas não acompanhou o que poderíamos chamar de consciência para o turismo. Não há uma secretaria de turismo na capital, mas um apêndice na secretaria de cultura que se preocupa em realizar alguns eventos para o público local. No estado, a Amazonastur não marca presença. Sabe-se que existe, que conseguiu construir o Centro de Convenções e só. Há necessidade de inovar, começando pela troca da diretoria.


Há décadas se fala em transformar Manaus num hub aéreo, mas não se oferece nada às companhias. O aeroporto foi ampliado para atender a Fifa, mas até ele é subutilizado, embora seja a maior porta de chegada e saída rápida ao Amazonas para pessoas e mercadorias valiosas. Oferecer desconto ou isenção no imposto sobre combustíveis já seria um grande atrativo.

O fato é que o Amazonas está para o Polo Industrial (PIM) assim como a Venezuela está para o petróleo. Embora aqui também se gaste dinheiro de contribuintes em ponte caríssima e não tão urgente, em estádio para atender exigências de quem não ajuda a pagar a conta nem a manter lotado, no país vizinho se esmagou a economia de subsistência. Quando o preço do petróleo caiu, caiu o país inteiro, sem alimentos, sem renda para o povo. Quando o PIM sofrer abalo, o Amazonas corre o risco de ir rio abaixo.

Manaus já foi um grande centro de compras de produtos importados a preços que compensavam a cara logística. Isso poderia voltar, mas desta vez com produtos produzidos no Polo Industrial. Basta implantar a comercialização do que aqui é produzido diretamente ao consumidor, e somente a este, com alíquotas zero. Em outras palavras: o consumidor viria a Manaus comprar televisores, celulares e outros bens a preços sem impostos. Especialistas em tributação e em leis determinariam as normas do percentual que poderia ser assim vendido, com cotas em produtos e valores pré-estabelecidos. Teríamos o turista circulando no estado e, de quebra, deixando seu dinheiro aqui em produtos.

O governo mexe nas tarifas de impostos de conformidade com seu fluxo de caixa, deixando o empreendedor totalmente atordoado. Hoje, o amazonense vai ao Mini Paraguai em Brasília ou mesmo no vizinho estado do Pará para pagar menos pelos importados.

Ora, o modelo Zona Franca foi criado e sobrevive da exceção. Bastaria estender a renúncia fiscal para outros estados da federação que ela perde o sentido. Vimos isso no governo Collor que inviabilizou o comércio de importados na Zona Franca.

Mesmo assim, o estado do Amazonas e a Prefeitura de Manaus não renunciam a nada, não fazem seu dever de casa. Renunciar aos impostos sobre os combustíveis de aviação e baratear um percentual dos produtos do PIM lotaria a capital de turistas que aproveitariam para conhecer outros locais no Amazonas. Seria criado um Polo de Turismo que não enfraqueceria o Industrial e com isso a renúncia feita de um lado seria compensada no outro, com sobras.

A pergunta que se faz é esta: Será que há interesse do estado e do município em incrementar o turismo? Ao que se viu até aqui, não. O Polo Industrial de Manaus continua abarrotando o erário com dinheiro suficiente para manter aos administradores sossegados, numa perigosa zona de conforto. Colocar todos os ovos numa cesta só pode ser muito perigoso. Com a palavra, a Venezuela.

 

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