Amazonas terá a maior torre de pesquisa em mudanças climáticas do mundo

Essa será a maior torre do mundo/Foto: Divulgação

Com 325 metros de altura, a torre ATTO (sigla em inglês de Amazon Tall Tower Observatory) vai monitorar as manifestações atmosféricas em toda a América do Sul, visando à evolução dos estudos referentes à interação entre a floresta e a atmosfera.
Produto da parceria entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI), o Instituto alemão Max Planck de Química, o Instituto Max Planck de Biogeoquímica (MPIC) e cofinanciada pelo Governo do Estado do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), a construção da torre de pesquisa em meio à Floresta Amazônica é um marco e um grande passo para as pesquisas climáticas no mundo.
A parceria é resultado de um acordo que trará benefícios globais e reforços no vínculo científico entre Brasil e Alemanha.


O projeto completo custou cerca de R$ 28 milhões. Mais de R$ 2 milhões foram de recursos financeiros dotados pela FAPEAM, que além de subsidiar a construção da estrada que dá acesso à torre apoiou e continuará apoiando os pesquisadores que fazem parte do projeto, com bolsas de mestrado e doutorado.

A construção de uma torre com dimensões tão elevadas objetiva estudos diversos, como a observação dos impactos à natureza, a partir das mudanças climáticas globais recorrentes nas florestas de terra firme, com medições durante 24 horas das interações entre floresta e atmosfera. Além disso prevê a execução de novas pesquisas relacionadas à atmosfera e mudanças climáticas em geral, como explicam o doutor Antonio Manzi, pesquisador do INPA e coordenador brasileiro do projeto ATTO, e o professor e climatologista Rodrigo Souza, da UEA.

“Nós projetamos a ATTO como um laboratório de referência mundial para as interações entre as florestas tropicais e a atmosfera. Os resultados obtidos fornecerão um grande avanço na representação das florestas tropicais em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previsões de tempo e cenários muito mais precisos sobre o clima”, explicou Manzi.

“Além disso, os parceiros do lado do Brasil, especialmente aqueles na Amazônia, têm enfatizado que o maior legado do projeto ATTO para a comunidade brasileira será a experiência, tanto na transferência de conhecimento quanto no treinamento, que pode se dar por meio do trabalho conjunto entre cientistas e estudantes brasileiros e estrangeiros, comentou Souza.

ESTRUTURA

Com 325 metros de altura, 25 metros a mais do que a Torre (Zotino Tall Tower), na Sibéria, considerada a mais alta já construída para estudos climáticos, a torre Atto, feita de aço, possui 225 metros de fundações de concreto para sustentação e seis elevadores mecânicos em cada plataforma, para evitar panes elétricas. Foram construídas plataformas para a realização de estudos a cada 54 metros da torre. Na base há três contêineres que irão abrigar laboratórios sofisticados, com os equipamentos adequados às pesquisas, com mais de 30 instrumentos científicos, como piranômetros, radiômetros, monitores de oscilação e medidores de umidade para monitorar constantemente a troca de energia e massa entre a floresta e a atmosfera, além de medidores de velocidade e direção dos ventos tridimensionais, medidores de gases atmosféricos e outros.

LOCALIZAÇÃO

A torre fica na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do município de São Sebastião do Uatumã, a 247 km em linha reta e 329 km via fluvial da capital Manaus (AM). Não há centro urbano próximo da torre.  São 270 km de Manaus até o ‘Porto da Morena’, estrada de Balbina na BR 174, depois 65 km do porto até a ‘Reserva Bela Vista’, por via fluvial, e por fim mais 13 km de estrada até a torre ATTO.
A cerimônia de inauguração acontece na manhã do próximo sábado (22).

HISTÓRICO

A criação da torre começou em 2007 quando cientistas alemães tiveram a ideia, mas a proposta iniciou-se ainda na década de 80.  Em 2014, as fundações da torre foram iniciadas, feitas com cabos de aço e blocos de concreto. A sua estrutura foi construída pela empresa San Engenharia de Curitiba (PR) e parte dela trazida de balsa até a reserva de Uatumã.

A ATTO integra o projeto LBA (Experimento de grande escala da biosfera e atmosfera na Amazônia) que já opera há 15 anos com várias torres na Amazônia. Neste período, foi então observada a necessidade de ter uma torre de maior alcance do que as demais. Além da ATTO, outras serão erguidas nos arredores da estrutura para dar suporte à torre principal.

Artigo anteriorEUA pedem mais ajuda à Austrália na luta contra o Estado Islâmico na Síria
Próximo artigoCobra Sucuri e Gavião Carijó são resgatados pelo Batalhão Ambiental da PMAM

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui