Amazônia, ‘conhecer para proteger’ (Por Osiris Silva)

Economista Osiris Silva (AM)

Este o lema e o foco central do ProAmazônia. Segundo o documento oficial, elaborado pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), que estabelece sua estratégia operacional, o programa visa, no longo prazo, “tornar-se uma referência nacional na pesquisa e desenvolvimento da região amazônica, alinhado à Estratégia Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em prol do seu desenvolvimento sustentável e dos povos tradicionais. Está baseado no ajuste da Estratégia Nacional de Defesa à  Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação no tocante a interseção de áreas científicas sensíveis ao desenvolvimento e à soberania nacional”. Segundo o general Theophilo de Oliveira, comandante do CMA, objetiva, além do mais, “capacitar recursos humanos  e ampliar os meios que permitam  a expansão das pesquisas científicas  e tecnológicas na Amazônia e prover para futuras gerações   meios que possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável  da região mais estratégica da nação brasileira”.
Fundamentalmente, o ProAmazônia vai ao encontro da necessidade de preencher o vácuo existente junto à sociedade brasileira no tocante ao pleno conhecimento e à valorização da região. Regra geral, o brasileiro desconhece, conforme salienta o documento,  que “em poucos quilômetros quadrados da floresta amazônica há mais espécies de plantas do que em toda a Europa, como também há mais espécies de animais do que na América Central. Uma única árvore pode servir de lar a 1700 tipos de invertebrados, que vão de formigas a aranhas, de abelhas a besouros”.  A Amazônia “é a região de maior biodiversidade do mundo – mas nós, brasileiros, só temos uma pálida ideia dessa exuberância viva. Calcula-se que apenas 10% de todas as formas de vida que a floresta amazônica abriga tenham sido estudadas e catalogadas. Essa falta de conhecimento científico sobre o bioma é uma das fragilidades amazônicas. O desconhecimento representa um obstáculo para a produção de riqueza a partir da floresta em pé. Impossível agregar valor ao que não se conhece”, esclarece, didaticamente, o documento.


A seguir informa: “estima-se que a flora, a fauna, as bactérias, os fungos e outros microrganismos da floresta guardam enorme potencial para a produção de remédios e alimentos e para vários setores da indústria. A riqueza escondida, porém, não vale nada. É preciso mãos e cérebros para descobri-la. Mesmo agora, com o reconhecimento de sua grandeza, a floresta amazônica permanece um domínio da natureza no qual o homem não é bem-vindo”. No entanto, segundo o documento básico, “vivem na região 25 milhões de brasileiros, pessoas que enfrentaram o desafio do ambiente hostil e fincaram raízes na porção norte do Brasil. Assusta observar que, no intenso debate que se trava sobre a melhor forma de preservar (ou, na maior parte das vezes, ocupar) a floresta, esteja praticamente ausente o maior protagonista da saga amazônica: o homem”.

Trata-se, efetivamente, de “uma forma atravessada de ver a situação, pois o destino da região depende  mais de seus habitantes do que de papelórios produzidos em Brasília ou da boa vontade de ONGs”, afirma o general Theophilo. Somente mediante a exploração racional e segura será possível evitar o corte raso e a destruição irreversível da floresta. Fazer com que o brasileiro sinta orgulho de sua riqueza natural única no mundo é justamente “a motivação que levou o Exército Brasileiro a se unir à comunidade cientifica nacional  na busca da redução desse hiato de desconhecimento e promoção de um desenvolvimento sustentável na região”. Esta, efetivamente, uma responsabilidade de todos, não apenas do governo. A partir do momento em que  proporcione os meios necessários ao seu conhecimento e exploração sustentável, o Brasil começa a resgatar o déficit de soberania que mantém com a Amazônia. De fato, somente o desenvolvimento poderá garantir sua integridade ambiental.(Osiris Silva – Economista, consultor e escritor)

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