Amazônia e os Novos Futuros – por Osíris Silva

Escritor e economista Osíris Silva/Foto: Divulgação

Uma questão transcendental que não se pode ignorar: segundo estimativa da ONU, a população mundial deverá alcançar 9 bilhões de habitantes até 2050, 70% vivendo em zonas urbanas. Desafios de porte sobressaem desse dado, particularmente no tangente ao grau de importância de setores prioritários que demandam expressa atenção, resumidos no que o mundo científico define como “Novos Futuros”. Neste novo cenário destaca-se a nata da nova ciência, da nova economia, da economia circular, dos novos sistemas de gestão pública e privada, da bioengenharia, nanotecnologia, etc.


Preços de commodities em alta, mais de 3 bilhões de consumidores, mercado ao qual o Brasil tem franco acesso a partir da produção de alimentos e das consolidadas cadeias do agronegócio. A Amazônia detém amplas condições de integrar esse novo mundo levando ao mercado produtos de valor agregado da bioeconomia desde o aproveitamento de borra de café, bagaço de cevada, restos de pescados, legumes e frutas de feiras, mercados, lanchonetes e restaurantes (estima-se um desperdício da ordem de 40% de sobras jogadas fora todos os dias no país) até cadeias mais sofisticados do agronegócio.

Desenvolvimento econômico pressupõe inovação. Impossível discutir bioeconomia sem fundamentar-se em ciência, tecnologia e desenvolvimento. A internet impactou mudanças tão radicais (ou quase), quanto o modelo heliocêntrico de Nicolau Copérnico ou a teoria da relatividade de Albert Einstein, argumenta Jeff Desjardins, editor do livro Visualizing change: a data-driven snapshot of our world (“Visualizando a mudança: um retrato baseado em dados do nosso mundo”, em tradução livre). No mundo dos negócios, acrescenta o fundador do site Visual Capitalist, a transformação tecnológica é a maneira mais óbvia de promover mudanças nos mercados.

Durante o curso  “O Mundo Islâmico – Oportunidades e Desafios para o agronegócio brasileiro em um cenário Pós-Pandemia”, do qual participei nas última três semanas, foram estudados produtos Halal, aqueles que, na  religião muçulmana, significa lícito, permissível. Regras alimentares que distinguem os produtos julgados consumíveis pelos muçulmanos e pela jurisprudência islâmica.

De maneira semelhante, no Judaísmo, o código alimentar é denominado de Leis de Kosher ou Kasher, um termo que faz referência aos alimentos que são adequados ou permitidos pelas leis alimentares judaicas. Em termos práticos, o produtor-exportador de alimentos tem de adequar seus sistemas produtivos – colheita, pós-colheita, abates de animais, tratos e embalagens, transporte, certificação. Caso tenham interesse em exportar para países islâmicos ou judeus terão necessariamente que se adequar a essas severíssimas regras.

Mas, vale a pena. O mercado mundial gerado pela a economia islâmica, no período 2019-2024, predominantemente para produtos sustentáveis, é estimado em US$ 1,380 trilhão de dólares.  Produtos fora dessa classificação não tem espaço dentro do mercado muçulmano.

O mundo islâmico, oportuno salientar, tem uma população de 1,9 bilhão de habitantes, devendo chegar, estimativamente, a 2,2 bilhões em 2030. Os países islâmicos compreendem, além do mundo árabe, importantes nações onde a religião é professada, dentre as mais importantes: Índia, Indonésia, Malásia, Singapura e Tailândia.

O Brasil vem ganhando espaço nesse novo mundo por estar se transformando de simples produtor de commodities em exportador de produtos agro-industriais. A Amazônia poderá se tornar líder mundial nas exportações de biofármacos, biocosméticos e alimentos industrializados segundo critérios da sustentabilidade ambiental.

A consolidação desse elenco de possibilidades depende apenas do estabelecimento de políticas públicas adequadas a esse novo ambiente de negócios, o que obriga ao giverno destinar robustas verbas para aplicação em pesquisa, desenvolvimento e inovação – PD&I. A chave indutora do desenvolvimento socioeconômico com o qual tanto sonhamos.

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