‘América Latina precisa reinventar seu comércio regional’, diz FMI

Chrstine Lagarde, em evento em Santiago/Foto: Tais Laporta
Chrstine Lagarde, em evento em Santiago/Foto: Tais Laporta
Chrstine Lagarde, em evento em Santiago/Foto: Tais Laporta

A notável performance econômica da América Latina na última década está ameaçada, e a região precisa de “reformas estruturais”, disse hoje, sexta-feira (05) a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, durante encontro sobre os desafios da região em Santiago, no Chile.

Segundo Lagarde, muitos países do continente precisam melhorar significativamente suas condições de infraestrutura, logística e custo, se quiserem assegurar um crescimento sustentável. “A integração do comércio regional deve ser reinventada. Necessita de mais colaboração entre os países nas áreas de energia, transportes e tecnologias de informação”.


Lasanha econômica

A diretora do FMI, também, criticou blocos econômicos da América Latina, como o Mercosul, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a Unasul. Lagarde comparou os grupos a “uma lasanha”, devido à diversidade de ingredientes que a compõem. “É possível fazer uma receita melhor. Você não consegue um bom resultado porque há muitas camadas e regimes muito diferentes”, disse.

Crecimento

Entre 2003 e 2012, o PIB da América Latina cresceu a uma média anual de 4,8%, quase duas vezes mais que a taxa de crescimento nos anos de 1980 e 1990. Segundo o mais recente relatório do FMI, o resultado foi possível graças ao rápido crescimento, baixas taxas de inflação e aumento das reservas internacionais.

Condições externas favoráveis também tiveram um papel importante, com a forte demanda pelas commodities da região que favoreceu uma onda de investimentos na região. Mas este ciclo chegou ao fim, de acordo com Lagarde.

O crescimento médio da América Latina caiu de cerca de 6% em 2010 para menos de 3% em 2013, e a estimativa é de que encolha para pouco mais de 1% em 2014, a menor taxa em 10 anos, com exceção de 2009.

Os países latino-americanos precisam aprender com experiências mútuas, na opinião de Lagarde, que citou o Chile como exemplo de nação para o continente, em razão das reformas tributária e educacional que levará a cabo nos próximos anos.

Classe média emergente

Para Lagarde, outro sintoma da desaceleração econômica do continente é a recente insatisfação da classe média emergente, exteriorizada por protestos populares. A mobilização contra o aumento dos custos do transporte público no Brasil, em junho de 2013, foi citada como exemplo.

A ascensão econômica se traduziu em “uma classe exigente e sedenta por serviços públicos de qualidade e reformas estruturais”, afirmou a líder do FMI.

A presidente chilena, Michelle Bachelet, também presente no evento, afirmou que o acesso ao consumo, por si só, não basta para satisfazer os desejos da nova classe média, motivo pelo qual seu governo optou pelas reformas nos tributos e na educação.

“Não é mais suficiente [à nova classe média] apenas consumir as ofertas disponíveis. Se busca ser mais protagonista, e isso exige considerar uma nova organização que permita dar legitimidade e participação política”, disse a presidente.

Desde os anos 2000, os 40% mais pobres foram beneficiados por um aumento de renda em torno de 25%, impulsionado por programas sociais em países como Brasil, México e Bolívia.

“Muitos governos, como o Chile, estão trabalhando para atender a essas expectativas, necessárias para uma sociedade mais forte e inclusiva”, completou Lagarde. (G1)

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