A autora Ana Celia Ossame e a editora Valer lançam nesta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, o livro infantil, que foi um dos vencedores do concurso Frauta de Barro – 2023, ‘Os sapatos da formiga’, na Livraria Valer, Centro de Manaus, a partir das 17h30. A entrada é gratuita.
O primeiro livro da autora para esse segmento de leitores é o intitulado ‘Planeta Azul’, também editado pela Valer. A autora também publicou, na década de 1980, o livro de poemas Imaginei assim! (esgotado).
A ilustração é do artista visual Josiney Encarnação, do time de ilustradores da Valer. A obra instiga várias abordagens que podem ajudar crianças e adultos a compreender que o planeta é um lugar de compartilhamento de vidas, inclusive a de certos seres humanos.
A leitura da obra sugere, por exemplo, que formigas devem ser formigas e não seres humanizados. Não precisam usar sapatos, e não devem se culpar pela culpa que lhes impõem os humanos.
“Mudar a natureza das coisas não é para nós, formigas. Quem faz isso, muitas vezes, não sabe o que faz, não mede as consequências, causando desastres que não são naturais, são naturalizados. Nossa natureza até aqui tem sido a da sobrevivência das nossas espécies e temos conseguido. Quer mais sabedoria que isso”, responde à formiga rainha à formiga Miga, que propôs o uso de sapatos no formigueiro para agradar aos humanos.
Ana explicou que cada ser grande ou pequenino é um ecossistema a ser preservado por meio do compartilhamento dos espaços. Não há vida mais importante que a do próprio planeta que abriga a todos.
A narrativa lúdica, neste livro, diverte, desperta curiosidade e informa. Assim, a dureza dos dados científicos amolece e se torna elegantes. A veia educadora de Ana Celia aguça a curiosidade dos leitores pela descrição da capacidade de comunicação e força descomunal desses isentos necessários e importantes para o equilíbrio ecológico de vários cantos do planeta.
A propósito, o cientista ítalo-brasileiro Ennio Candotti (1942-2023), fundador do Museu da Amazônia (Musa), em Manaus, ensinava que a ciência, para ser eficaz e democrática, a sala de aula precisa ir ao menos até ao seu quintal, onde insetos e micro-organismos cometem a dança da vida.
Ele gostava de citar como exemplo dessa recomendação a inquietação que a organização social das formigas pode despertar em uma criança. “Como as formigas sentem a distância o cheiro de um bolo. Chega, primeiro uma, depois vem o enxame”.
Ana Celia, portanto, cumpre esse papel de desfragmentar o conhecimento desde cedo nas futuras gerações. Aprender ciência brincando e pensando é muito mais prazeroso. É isso que “Os sapatos da formiga” oferece aos seus leitores.
Para Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Valer, a autora traz informações que nos levam a pensar sobre o mundo dos outros animais, e o quanto eles nos podem oferecer e ensinar.
“A educação e o conhecimento devem ser levados às crianças, porque é a obrigação do adulto inseri-la em um mundo que a precede. É o que nós fazemos, por meio dos livros que publicamos. “Os sapatos da formiga” é um livro relevante pelo conhecimento que ele porta e pelo público ao qual é destinado”, ressaltou Neiza.
Conforme a jornalista, que escreveu o prefácio do livro, Ivânia Vieira: “Essas formigas, no relato de Ana Celia, são atiçadas pela descoberta de novidades. Não têm medo. Só atrevimento”.
Ana Celia relatou que escrever para crianças é contribuir para que elas gostem de ler: “Como ensinou a maravilhosa Clarice Lispector, escrever para crianças é ter um interlocutor mais sensível à leveza da vida e eu espero contribuir para que mais crianças gostem de ler, prestem atenção aos animais, às plantas e à natureza e assim possam ser construtores de um mundo mais belo, mais lúdico, mais poético… que aprendamos todos com as formigas que somos o planeta e tudo depende de todos… ”.
