Analistas: é difícil avaliar nova pesquisa industrial

As mudanças na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), que mede os movimentos da linha de produção da indústria no País, não devem alterar o cenário de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Apesar do aumento no número de produtos investigados, economistas ressaltam que ainda não é possível mensurar o impacto antes da divulgação dos novos resultados, o que ocorrerá no próximo dia 7 de maio.


A nova série da PIM-PF terá mais produtos, novas ponderações e resultados desagregados para mais um Estado, Mato Grosso. O leque de itens investigados aumenta de 830 para 944. Já o número de informantes salta de 3.700 para 7.800. Os novos dados já serão incorporados ao resultado do PIB do 1º trimestre deste ano, a ser divulgado em 30 de maio, e à revisão da série de 2013.

Das adaptações, o economista Silvio Sales, consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-coordenador de Indústria do IBGE, avaliou que a mudança na ponderação será mais significativa. A PIM-PF, que hoje se guia por pesos calculados entre 1998 e 2000, passará a ter 2010 como base. A defasagem era uma das principais críticas. “Mesmo assim, é difícil dizer qual será a nova tendência. Há setores que vão puxar para cima, e outros, para baixo”, disse.

O impacto no PIB também só será mensurável após a divulgação dos novos dados. Isso porque a alteração nos pesos de cada item já é feita, ano a ano, nas Contas Nacionais, disse Sales. É necessária, portanto, a indicação de uma produção mais vigorosa para que o PIB aponte crescimento mais intenso da economia. “O efeito (da alteração no PIB) tenderia a ser maior, mas o fato de já haver reponderação (nas contas nacionais) amortece a mudança”, explicou.

No ano passado, o IBGE incorporou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) ao cálculo do PIB, com dados retroativos a 2012. Diante da importância do setor, que representa cerca de 70% do PIB, a presidente Dilma Rousseff chegou a dizer que o avanço da economia, inicialmente de 0,9% naquele ano, seria revisado para 1,5%. Em dezembro, o IBGE informou que o PIB de 2012 havia crescido 1%.

Para Carlos Kawall, economista-chefe do banco J. Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, “é prematuro” prever o impacto da mudança da pesquisa industrial sobre o PIB. “É provável que tenha revisão, mas não tem como dizer se para mais ou para menos”, disse.

O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, também afirmou que é arriscado avaliar o impacto da nova série sobre a produção industrial e o PIB. A economista Thais Zara, da Rosenberg & Associados, engrossou o coro de que não é possível projetar como os novos dados vão repercutir sobre a atividade.

Mudanças

Segundo o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo, responsável pela PIM-PF, informantes importantes que não estavam nos resultados desagregados das regiões já constavam no cálculo do total nacional da produção. Portanto, a abertura desses dados não altera o resultado final.

“Os informantes de Mato Grosso, principalmente da indústria alimentícia, que é pesada no local, já eram captados no resultado da indústria em nível nacional. A produção de veículos em unidades fabris de Goiás também já entrava na atividade de veículos automotores no Brasil, só não tinha o resultado desagregado para Goiás. É preciso tomar cuidado para não confundir o dado divulgado com dado contabilizado no resultado geral”, alertou Macedo.

Outro ruído a respeito da mudança metodológica paira sobre a atividade de informática. A PIM-PF já apurava os dados sobre a fabricação de computadores e notebooks na Zona Franca de Manaus. “O que não tinha de fato era a fabricação de tablets, porque é um produto mais recente”, justificou Macedo.

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