Após 35 dias de internação e UTI, paciente diz: não é uma gripezinha

'Não é uma gripezinha, é muito sério. Não imaginava que fosse voltar', diz primeiro paciente grave de coronavírus do Rio - foto: arquivo hospital

“Eu me internei achando que era uma gripezinha. Febre baixa, tosse e falta de ar. Mas não é uma gripezinha, é muito sério. Não imaginava que fosse voltar”, diz o médico Édison Régio de Moraes Souza, que teve alta neste sábado, após 35 dias de internação no CTI do Hospital Quinta D’Or, em São Cristóvão, por causa do coronavírus.


O ex-vereador do Rio e professor da Uerj conta que vinha acompanhando a literatura médica desde que a pandemia chegou ao Brasil, mas, aos primeiros sintomas, pensou que estava com uma pneumonia leve. Só quando viu o exame de imagem dos seus pulmões teve a dimensão da gravidade do seu caso.

Quando vi, fale: “Estou morto!”. Os dois pulmões estavam completamente inflamados. Meu médico pessoal (Emmanuel Salgueiro), quando teve acesso, mandou me internar na hora – lembra o nefrologista.

Menos de 24 horas após o resultado dos exames, Édison foi levado para o CTI e entubado via traqueostomia. Foram duas semanas inconsciente, até que acordou com o tubo que o ajudou a respirar. A voz ainda rouca por causa da incisão na traqueia conta o desespero da falta de ar constante.

O ex-vereador e médico Édison Regio de Moraes deixa o hospital após 35 dias de internação Foto: Reprodução
O médico Édison de Moraes, de 65 anos, teve alta neste sábado e precisará de sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. O médico diz ter implorado para ser “apagado” em alguns momentos por não conseguir respirar.

Eu não senti dor, mas não conseguia respirar. Teve uma hora que minha respiração estava quase 100 respirações por minutos – recorda ele, que terá de fazer sessões de fonoaudiologia por causa da traqueostomia.

Muletas e cadeira de rodas

Com 65 anos, o médico estava no rol do grupo de risco. Além dos problemas decorrentes da Covid-19, como pneumonia e mau funcionamento dos rins que precisaram de diálise, o longo tempo imóvel lhe deixou com os membros inferiores fracos. Édison precisou da cadeira de rodas para deixar o hospital. E já alugou muletas para ajudá-lo na locomoção.

No hospital, os médicos não aderiram ao tratamento com cloroquina combinada com outros medicamentos. Ele considerou acertada a decisão da equipe.

Está todo mundo no escuro ainda. Não se sabe ao certo se trata realmente o problema e tem muitos efeitos graves. Estou satisfeito com meus médicos por não usarem, diz.

Temos de seguir as recomendações das autoridades e especialistas. E tornar comuns hábitos de higiene como lavar as mãos sempre, finaliza.

Tatiana Furtado
Artigo anterior“Crueldade o governo desmontar o Sistema S”, afirma o presidente da Fecomércio
Próximo artigoSabedoria – por Flávio Lauria

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui