Pensando em ocupar o tempo, o aposentado Raimundo Fernandes, de 70 anos, passou a cultivar hortaliças em casa. As verduras foram se multiplicando e atualmente ocupam pneus reciclados usados como vasos. A horta é a porta de entrada da casa dele, que fica suspensa sobre uma área de ressaca em Macapá.
No local é possível colher principalmente salsinha e cebolinha, conhecidos como “cheiro verde”, coentro, alface e couve. O projeto funciona há 10 meses no bairro Universidade, na Zona Sul. Ele aproveitou a criação e passou a comercializar maços das verduras no valor de R$ 1.
“Quando eu me aposentei, fiquei como autônomo. Mas como estava difícil, as pessoas queriam pagar barato, e eu estava sem serviço, tive essa ideia de fazer a horta para meu consumo. Isso fez eu me movimentar, e foi crescendo, que eu passei a vender para os vizinhos”, falou Fernandes.
Na estrutura, ele tem cerca de 120 pneus, que foram encontrados na rua. O adubo também é considerado reciclado por ele, que usa o próprio mato limpado das plantas e caroços de açaí como fertilizantes.
“Eu gosto de plantar no pneu porque é um novo uso para eles, e é bom para o meio ambiente. Na tábua apodrece muito rápido. A terra leva uma muinha podre, que é o mato que eu tiro das plantas, e caroço de açaí também. Cuidando, vai nascendo”, descreveu.
A horta suspensa é uma opção mais vantajosa para muitos vizinhos da área de ressaca, como fala a dona de casa Iranilde Correa, de 28 anos. Ela diz que as hortaliças são frescas, por um valor mais “em conta” e entregues até mesmo pela janela de casa.
“Compro aqui todo dia. É mais fácil, melhor do que a gente ir no comércio da rua, que é longe. Eu só faço pegar da minha janela. Aqui é mais barato, porque lá no comércio é R$ 1,50”, comentou a vizinha.
Como a área de ressaca é um lugar que acumula muito lixo, o aposentado reforça que essa iniciativa tenta deixar a área mais limpa e sustentável, usando menos pedaços de madeira e mais materiais reciclados.
A ideia dele é incentivar outras pessoas que moram nestes ambientes a cuidar e cultivar sem agredir o meio ambiente.
“Isso faz bem para a natureza. Se o terreno fosse maior, eu enchia de horta. Já pensei até em diminuir a casa para ter mais horta”, finalizou Fernandes.
Fonte: G1