Aranha-pelicano intriga cientistas; conheça a espécie

Um macho adulto de Eriauchenius workmani.(Crédito: Nikolaj Scharff)

Rápido: o que tem oito pernas e um rosto parecido com um pegador de salada? Caso você tenha dito aranha, você sabe exatamente o que estou descrevendo – um monstro, que, pelo menos para aranhas menores, mais parece parte de um conto de terror: a aranha-pelicano. Agora, uma nova pesquisa publicada no periódico ZooKeys detalhe a descoberta de 18 novas espécies da aranha-pelicano de Madagascar.


Em uma primeira impressão, as aranhas-pelicano (da família Archaeidae) não são exatamente horríveis, apenas meio estranhas e até engraçadinhas. Elas recebem o nome derivado do pássaro por causa do segmento torto em suas “cabeças” (chamada de cefalotórax), que é vastamente esticado para cima, o que deixa a aranha parecendo que tem um tremendo pescoção. Isso, em conjunto com as partes da sua boca – que são abominações longas o bastante para dobrar, mais parecendo com um pegador de salada – tornam a aranha semelhante a um pelicano. Na realidade, não há pescoço algum; é como se cabeça tivesse sido puxada para cima como um pedaço de massa de modelar.

Um macho adulto de Eriauchenius workmani.(Crédito: Nikolaj Scharff)

Mas não é o visual estranho da aranha-pelicano que a torna um ótimo personagem de histórias de terror, mas, sim, no que essa estranha criatura evoluiu. Aranhas-pelicano também são chamadas de “aranhas assassinas” porque sua dieta consiste inteiramente de outras aranhas, que elas lentamente vigiam e devoram. Essas exímias caçadoras abandonaram a ideia de teias por completo, em vez disso caçam pela floresta com seu par de finas e sensíveis pernas que mais se parecem com antenas.

Assim que encontram um alvo, elas cuidadosamente a atraem e capturam a vítima com suas longas presas, cada uma dela com um ferrão venenoso. A aranha-pelicano então mantem o alvo preso no final de suas presas, impossibilitando qualquer retaliação enquanto espera o veneno fazer efeito.

Essa estranha espécie de aranha chamou a atenção de Hannah Wood, curadora de aracnídeos e myriapodas (centopeia e seus familiares) no Museu Nacional de História Natural dos EUA e primeira autora do novo estudo. Durante anos, a evolução e biodiversidade da aranha-pelicano tem sido foco majoritário de sua pesquisa, e o estudo que a levou a descoberta das novas espécies.

A aranha-pelicano mantêm a presa de ponta cabeça usando suas quelícera (boca) depois de capturá-la. (Crédito: Nikolaj Scharff)

“Estava curiosa para entender porque essas estranhas aranhas possuíam essa aparência”, disse Wood ao Gizmodo, “e, além disso, porque existem tantas variações em sua forma física”.

Madagascar era o local perfeito para encontrar respostas para essa pergunta. Hoje, a aranha-pelicano é encontrada apenas Madagascar, África do Sul e Austrália – distribuídas por todo o antigo supercontinente do sul Gondwana, que se separou há 100 milhões de anos (alguns fósseis têm mais de 165 milhões de anos). A aranha-pelicano é ao mesmo tempo um “ fóssil vivo” e um “Táxon Lazarus” (um organismo que mais parece ter sido ressuscitado da pré-história porque seus fósseis foram encontraram antes de suas formas vivas). Madagascar se encontra no centro das origens ancestrais da aranha-pelicano, e Wood e Nikolaj Scharff, coautor do estudo, acreditam que elas passaram por uma dinâmica história evolutiva graças ao isolamento.

“Acreditamos que eventos climáticos e geológicos da antiguidade em Madagascar levaram ao desenvolvimento de algumas espécies em determinadas áreas, e isso pode ter causado uma diversificação dos traços para reduzir a competição entre espécies próximas”, explica Wood.

A pesquisadora examinou coleções de expedições para a ilha e de seu próprio trabalho em campo, fazendo medidas detalhadas e anotações de suas características físicas e ecológicas, tentando entender suas correlações e seu local no ambiente. Ao fazer isso, Wood pode definir 26 espécies da ilha – 18 das quais nunca foram descobertas antes.

A descoberta mostra como muita da biodiversidade nativa ainda pode ser desconhecida em Madagascar. A ilha é conhecida por ser um laboratório da evolução, com muitos de seus habitantes – de lêmures, a sapos venenos Mantella até fossas carnívoras – encontrados apenas nessa região. Infelizmente, muitas dessas espécies únicas sofrem ameaça de extinção devido à perda do habitat ou de exploração excessiva. A atual crise de biodiversidade na região ameaça extinguir até mesmo espécies ainda não conhecidas pela ciência, algumas talvez bem parecidas com essas novas aranhas-pelicano.

Fonte: MSN

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