Arquivo morto chamado ‘Adriano da Nobrega’ volta a tirar o sono do clã-bolsonaro

Fantasma do ex-capitão Adriano da Nóbrega volta a incomodar o sono do clã-bolsonaro - foto: arquivo/recuperada

O Ministério Público da Bahia pediu à Polícia Federal uma série de perícias e a reconstituição da morte do Capitão Adriano da Nóbrega, ocorrida em fevereiro de 2020 no município de Esplanada (BA). Adriano foi homenageado na assembleia legislativa fluminense (Alerj), como herói, pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro.


O relatório está sendo aguardado pelo Ministério Público com as possíveis provas e a reconstituição do caso. Antecipando, uma série de reportagens revela, com exclusividade, os detalhes dos grampos do grupo de Adriano da Nóbrega. Entre a caça e morte do miliciano, comparsas discutiram sua herança e mostraram intrigante proximidade com o clã Bolsonaro.

Diálogos transcritos de grampos telefônicos sugerem que o presidente Jair Bolsonaro foi contactado por integrantes da rede de proteção do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, chefe da milícia Escritório do Crime.

Essas conversas fazem parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado, quando aconteceu as quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.

Este, provavelmente, faz parte do relatório que a Polícia Federal, que está para ser concluído sobre as investigações das circunstâncias em que aconteceu a morte do ex-Capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, ocorrida em fevereiro de 2020 no município de Esplanada (BA).

A história que ainda não foi contada – foto: recuperada/247

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, Adriano morreu numa troca de tiros com forças policiais, que antes do confronto teriam pedido a ele que se entregasse de forma pacífica, mas a viúva do ex-capitão, Julia Mello Lotufo negou a versão.

Sob a alegação de que a investigação é sigilosa, em meados do ano passado, o MP da Bahia pediu apoio à Polícia Federal para a realização de novos exames.

Segundo a assessoria do MP da Bahia, a PF já fez parte dessas perícias, mas ainda não compartilhou nenhum resultado com os promotores. Também está pendente a realização de uma reconstituição do caso pelos policias federais. O trabalho, portanto, não deve ser concluído tão cedo.

Execução

Acusado de chefiar um grupo de extermínio e integrar uma das milícias mais poderosas do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega passou um ano foragido antes de ser morto. Ele foi atingido por dois disparos de armas de fogo, um de carabina e outro de fuzil. Um deles entrou pelo tórax à esquerda e percorreu trajeto de baixo para cima, provocando uma lesão também no pescoço. O outro foi dado de cima para baixo, entrou pela clavícula direita e saiu pelas costas. Os trajetos dos projeteis são usados pela viúva dele como mais um indício de que não houve confronto, mas execução.

Combustível político

A morte do ex-capitão logo virou combustível para o embate político em razão das relações dele com a família Bolsonaro e o notório Fabrício Queiroz. Quando ainda estava na PM, Adriano foi homenageado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a mais alta comenda da assembleia legislativa fluminense (Alerj).

Arquivo morto chamado de herói pelo presidente e homenageado por Flávio Bolsonaro, o ex-capitão Adriano conhecia detalhes do esquema da rachadinha e da relação entre crime organizado e autoridades públicas e o Queroz.

Pelas mãos de Queiroz, de quem foi colega de ronda na Polícia Militar, Adriano também conseguiu empregar duas parentes no gabinete do Zero Um na Alerj, ambas acusadas de participar do esquema da rachadinha.

Casa de vidro

As referências a “Jair” e “cara da casa de vidro” constam em documentos mostrados ao Intercept,  que, em conjunto com as escutas anteriores, permitem entender a amplitude das relações do miliciano Adriano da Nóbrega e da rede que lhe deu apoio no período em que passou foragido.

O relatório, as novas investigações e o resultado do trabalho da Polícia Federal, no entanto, não deve ser concluído tão cedo.

Com informações da revista Veja e The Intercept

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