
A bancária Lilian Quezia Calixto de Lima Jamberci, de 46 anos, morreu na madrugada do último domingo, horas após ser submetida a um procedimento estético, realizado em uma cobertura na Barra da Tijuca. Segundo parentes, a vítima saiu de Cuiabá, no Mato Grosso, para fazer aplicações de silicone nas nádegas com Denis Cesar Barros Furtado, de 45 anos, conhecido nas redes sociais como “Doutor Bumbum”. Após a intervenção, a paciente teve complicações e foi encaminhada pelo próprio médico para um hospital particular, também na Barra, aonde chegou ainda lúcida, mas com taquicardia, sudorese intensa e hipotensão.
Logo em seguida, o quadro de Lilian se agravou. Ela sofreu quatro paradas cardíacas e morreu pouco depois de 1h. A hipótese inicial levantada sobre as causas morte seria embolia pulmonar, devido à aplicação do silicone.
Diretora do Barra D’Or, para onde Lilian foi levada, Martha Maria Soares Savedra prestou depoimento à Polícia Civil e, segundo ela, no mesmo dia da internação, Denis recolheu os pertences da paciente — dois anéis de prata com pedra, uma aliança dourada, um cordão de prata com pingente, uma blusa de manga, uma blusa de alças, um par de tênis e um sutiã — e se retirou do hospital.Enteado da vítima, Alessandro Jambert disse que Lilian conheceu o médico por indicação:
— As amigas fizeram, gostaram e indicaram. Ele é um médico famoso, o procedimento foi feito no apartamento dele.
Procurado, médico esta sumido
Na última segunda-feira, parentes de Lilian prestaram depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o caso é investigado sob sigilo. O corpo da vítima será levado para Cuiabá. Procurado pelo GLOBO por telefone e por meio de suas redes sociais, Denis não foi localizado. Num dos contatos do médico, uma secretária chegou a atender a ligação e a fornecer outro número do telefone dele, mas ele não respondeu.

Uma amiga de Lilian, que pediu para não ser identificada, falou sobre a bancária, considerada por ela uma mulher muito cuidadosa:
— Era organizada mesmo. Não era atirada, de fazer as coisas de qualquer jeito.
Viúvo de Lilian, Osmar Jamberci disse que ela pretendia voltar para casa no mesmo dia:
— Ela veio sábado de manhã para voltar à noite, era um bate e volta. Disse para a família que iria colocar um chip por conta da menopausa. Às 8h30m de domingo, esse médico me ligou dizendo que tinha havido uma complicação e que precisava de alguém para liberar o corpo. Foi a única vez que falei com ele, desde então não apareceu mais.
O médico teria usado a substância PMMA na bancária. A sigla significa polimetilmetacrilato, material parecido com plástico, composto por microesferas e utilizado para fazer preenchimentos corporais e faciais. O produto é aprovado pelo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas indicado para situações pontuais e em pequenas quantidades.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) informou que já abriu uma sindicância para apurar o caso.
Fonte: O Globo