Bestilialização – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Caros leitores, parece que sempre bato no mesmo tema, mas hoje quero falar da bestialização. A palavra tradição significa “ato de transmitir ou entregar”; e seu emprego pode gerar certo grau de preconceito nos mais desavisados. Não é raro ouvirmos em nossos dias pessoas dizendo que não aceitam ou não gostam das tradições. Mas a tradição a que me refiro é a tradição saudável, a tradição da família como núcleo primário de uma sociedade sã. A tradição que transmite aos mais novos conceitos de hombridade, dignidade, caráter, solidariedade, honestidade.


Infelizmente para se passar estas virtudes para nossos filhos necessitamos um dia tê-las recebido, ou se as recebemos, tê-las cravejadas em nosso caráter e em nosso coração. Em muitas situações do nosso cotidiano observamos o quanto estes conceitos estão esquecidos ou são lembrados de maneira deturpada. Tomemos como exemplo a televisão com suas novelas que insistem em mostrar para milhões de lares que a vida humana é composta tão somente de várias formas de desajustes.

Personagens drogados, alcoólatras, adúlteros, filhos desajustados, pais ausentes, temas de homossexualismo, ou de sexo envolvendo adolescentes. Tudo isso, abordado de uma maneira superficial e sem os cuidados necessários. E o que nos oferecem nas tardes de domingo, onde na TV nada de aproveitável se vê? Outro exemplo são as músicas difundidas de forma massificada. Pior que não terem conteúdo, propagam conceitos negativos, fazendo verdadeiras apologias ao sexo irresponsável e às drogas. Músicas que deseducam! Temos muitos outros exemplos para citar, como as propagandas com cenas sensuais descabidas, as revistas onde só se mostra as imbecilidades dos famosos. Ninguém pensa algo relevante, apenas se exibem… pessoas muitas vezes extremamente infelizes, mas na vitrine da hipocrisia sorriem e vivem toda a vida como se estivessem sempre encenando. Tudo por dinheiro! E é isto que vem, já há algum tempo, alimentando nosso povo; povo que cada dia mais rasteja no pântano da ignorância e da futilidade. Uma sociedade desinformada, bestializada.

Povo que é transportado através da telinha e vive a novela como se o seu papel nesta vida não fosse real. Esta alienação está muito viva de várias formas entre nós. Ainda nesta linha de raciocínio vejamos a postura de alguns cidadãos frente a algumas situações do dia-a-dia. Pessoas que facilmente se escandalizam com a corrupção de nossa classe política, mas que aqui, no andar de baixo, não hesitam em levar vantagem em tudo que fazem. E o comportamento inadequado está tão enraizado no leito familiar que já passa depai para filho com naturalidade. A criança tem que ser “esperta”, tem que ser a primeira. Crianças violentadas em sua natureza infantil quando são incentivadas, pelos próprios pais, a dançar uma coreografia pornográfica, estimulando nelas uma irrupção de erotismo sem precedentes. A quem interessa o caos? E se neste instante você está achando que este tema está sendo tratado com exagero, e que o que foi tratado até este momento não é nada demais, reflita com cuidado, dialogue com sua família, seus professores, os professores de seus filhos.

Por acharmos que “não é bem assim”, é que a permissividade se apossou da sociedade e pior, mora dentro de muitos lares. Precisamos formar cidadãos do bem. Indivíduos que além de educados, no mais amplo sentido que esta palavra possa ter, sejam também informados, possibilitando assim que vislumbremos uma luz neste tempo de penumbra, tempo em que domina a agenesia de respeito ao próximo e a nós mesmos, agenesia de moral, de ética, de pudor, de honestidade, de humildade, de nobreza de caráter e de religiosidade. A cada dia que passa de uma coisa eu tenho mais e mais convicção, uma sociedade que está decidida em alicerçar-se sobre os preceitos cristãos, é sem dúvidas uma sociedade diferente. É uma sociedade perfeita? Claro que não! Seria ignorância pensar desta forma. Mas seria sem dúvidas uma sociedade mais preocupada em não transgredir as normas de conduta, onde o servir é mais importante que o usufruir; uma sociedade que não obstante os defeitos comuns de seus cidadãos, está preocupada com o bem-estar do próximo, preocupada em não errar – apesar dos erros cometidos.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

 

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