Brasil e as cavernas da ignorância – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

É muito mais cômodo “morar” na caverna da ignorância e conviver com as sombras das falsas verdades da vida a ter de buscar a luz do conhecimento e as realidades sobre o mundo efetivo, ensinava assim o filósofo Platão no Antigo Mundo Grego. É fato que as pessoas se fecham em dogmas ou ideias absurdas e não percebem a pluralidade dos fatos e as múltiplas formas de viver em sociedade, as quais estão bem acima das tradicionais polaridades impostas pela política partidária, pelas religiões, pela comunicação de massa e pelos preconceitos tão vivos no Brasil de hoje.


As cavernas que negam as realidades são inúmeras. É mais fácil acreditar nas verdades absolutas e excludentes oferecidas por líderes religiosos a entender que a manifestação religiosa é só mais uma expressão da cultura humana. Não existe religião sem ser humano, nem religião sem adeptos. Por isso, os atos excludentes e intolerantes nas religiões acontecem, pois as lideranças defendem essa ideia e conduzem para que isso aconteça. Então, se o homem mudar de comportamento, a religião também muda.

É tão fácil acreditar que a péssima política é tão somente o reflexo da demagogia dos políticos profissionais, dos partidos políticos sem ética e dos governantes corruptos que vivem num mundo próprio, independente da denominação ideológica. No entanto, é difícil entender que numa democracia, o sistema político de um país é fruto das opções do seu povo, um povo que possui direitos e responsabilidades de eleger seus governantes, com escolhas boas ou ruins, depende muito do eleitor esclarecido.

É mais fácil dar uma opinião errada sobre qualquer assunto, ou mesmo acreditar numa fake News, a buscar a verdade dos fatos e os interesses envolvidos. Isso faz com que uma parcela significativa da população acabe reproduzindo opiniões e afirmações falsas e agindo de acordo com elas. Tais opiniões, sem base verídica, encontram nas redes sociais e nos meios de comunicação cavernas perfeitas e prediletas dessas manifestações.

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

Não há nada mais cavernoso e sombrio do que acreditar na ideia de raças superiores ou inferiores e, que cada indivíduo depende da sua origem para ocupar uma posição na sociedade. Na verdade, todos somos humanos, independente de cor, o que diferencia os homens são as suas manifestações culturais, suas divindades e ideias sobre a origem do mundo e da vida.

No Brasil de hoje, onde alguns religiosos ficam ricos e tornam-se celebridades, onde a política tem péssima qualidade, onde ninguém toca no monopólio das empresas de comunicação ou da produção das informações, onde os poderes da República foram tomados por privilegiados, onde o racismo é camuflado e com muita pobreza, onde o presidente foi eleito ensinando criança a imitar arma de fogo com a mão e com agressões contra negros, gays e índios. Tudo isso, faz-me lembrar da obra o “Mito da Caverna” do pensador Platão e afirmar que uma grande parcela do povo brasileiro ainda vive nas cavernas da ignorância.

Carlos Santiago Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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