
Ser eleita “Rainha Internacional da Pecuária” vai muito além da beleza física. Este concurso, realizado anualmente na Colômbia, exige que as participantes demonstrem profundos conhecimentos sobre agropecuária, além de simpatia e capacidade de promover a cultura de seus países. Este ano, a brasileira Jamille Baretta conquistou o título após passar por diversos testes práticos e demonstrar seu domínio no setor agropecuário.
Na competição, atributos físicos representam apenas 30% da nota final. Os outros 70% são avaliados através de provas que testam o conhecimento e habilidades práticas das candidatas. Jamille, por exemplo, teve que realizar exames de palpação retal em vacas para detectar gestações e também provas de ordenha.
“Basicamente, introduzimos o braço no reto da vaca para identificar se ela está em fase de gestação. Usamos uma luva de plástico e o veterinário foi explicando como introduzir a mão, onde estava o útero e como fazia para sentir a palpitação”, explicou Jamille. Ela admitiu que foi a primeira vez que teve um contato tão próximo com animais de grande porte, embora sua formação técnica no setor agrícola tenha sido de grande ajuda.
O concurso, que acontece desde 1961, já teve quatro vitórias brasileiras, sendo o país com mais títulos. A edição deste ano foi realizada em junho, em Monteria, no estado de Córdoba, e contou com 25 candidatas. Durante a competição, além dos exames práticos, as candidatas ajudaram criadores a alimentar bezerros e realizaram análises de solo.
“Eles nos levaram ao pasto para mostrar onde os bovinos se alimentavam e explicaram como faziam para que o pasto se formasse novamente. Eu fiz um adendo sobre o solo, que tinha argila, o que possibilita essa recuperação rápida do pasto”, lembrou Jamille.
Diferente de outros concursos de beleza, o objetivo da “Reina Internacional de la Ganadería” é escolher uma embaixadora para promover o setor agropecuário em eventos, justificando a complexidade dos testes pelos quais as candidatas passam.
Jamille, que cresceu em um ambiente rural em Alta Floresta, interior do Mato Grosso, e é técnica em agropecuária e piscicultura, se destacou nas provas. “Tirei de letra”, afirmou. Vinda de uma família humilde, Jamille sempre sonhou em ser modelo e chegou a vender bolo de pote na rua para financiar sua participação em concursos de beleza.
O convite para o “Reina Internacional de la Ganadería” veio 20 dias antes do início da competição, feito por Mattheus Alencar, diretor da seletiva brasileira do concurso. Ele conheceu Jamille através de outro concurso de beleza, o Miss Teen Global Beauty International, no qual ela ficou em 4º lugar.
“Escolhi a Jamille porque o concurso exalta a beleza, mas também a questão técnica e os conhecimentos da agropecuária (…) e, por ela já ter essa experiência, ser veterana em concursos, sempre vi muito potencial nela”, explicou Mattheus.
Com esta vitória, Jamille Baretta se torna mais um exemplo de como determinação, conhecimento e paixão pelo setor agropecuário podem levar a conquistas extraordinárias.
Fonte: G1