
Sessão solene realizada na Câmara dos Deputados para marcar os 50 anos do golpe e os 21 anos de regime militar foi encerrada por causa de tumulto. Grupos contra e a favor dos governos militares trocaram acusações no plenário da Câmara nesta terça-feira.
A sessão contou com a participação de deputados e familiares dos desaparecidos políticos. Um grupo favorável ao regime militar, também esteve presente. Uma faixa parabenizando os militares pelo golpe de 64 foi estendida na galeria do Plenário.
A confusão começou quando duas participantes: uma contra, e outra a favor, dos anos de ditadura, se agrediram. A sessão precisou ser interrompida. Para a deputada Luiza Erundina do PT de São Paulo, o tumulto foi causado porque a Câmara autorizou a presença de militares.
“A atitude aqui da Casa revela bem isso. Não se tomou posição a respeito se é a favor ou contra a ditadura, no fundo é isso. E a gente precisa aperfeiçoar, rever a lei da anistia, e criar outros mecanismos para que concluam o processo da democratização, que está inacabado, está incompleto, lamentavelmente”, afirma a parlamentar.
A sessão foi retomada, e Jair Bolsonaro, que é militar, subiu à tribuna. Parentes dos desaparecidos viraram de costas para o deputado do PP do Rio de Janeiro. A sessão foi suspensa novamente. O deputado Amir Lando, que presidia a Mesa pediu aos que não quisessem ouvir Bolsonaro, que se retirassem, ou virassem para frente. Foi em vão.
“Eles atingiram o objetivo: é cassar a minha palavra, como eu sempre digo, quando eu falo aqui a esquerda é torturada, e eu não falo nada da minha cabeça, falo apresentando fatos, documentos, eles não admitem isso”, protestou.
Amir Lando do PMDB de Rondônia afirmou que foi impossível continuar a sessão. Segundo ele, o sofrimento dos parentes dos desparecidos é justificado, mas é preciso cumprir as regras do parlamento.
“As feridas sobretudo daqueles que sofreram na ditadura, dificilmente, essas cicatrizes ficarão sãs, mas eu tenho que conduzir uma sessão com o regimento, fora do regimento não há salvação, não há conduta que se possa levar adiante a termos de comportamento dos presentes. Quer dizer eu entendo que a manifestação é legítima, mas o respeito à lei e a ordem é mais legítimo ainda”, completou.
Reportagem de Lane Barreto, de Brasília.