Capitão Alberto Neto foi peça-chave na proliferação da fraude bilionária no INSS, aponta o Estadão

Alberto Neto, único que recebeu ordem de Bolsonaro e cumpriu - foto: recorte

Deputado Alberto Neto facilitou fraudes bilionárias no INSS e agora quer ir para o Senado


O deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM), pré-candidato ao Senado em 2026, está no centro de uma denúncia grave: ele foi peça-chave na criação de brechas legais que permitiram a proliferação de fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas do INSS.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada na noite de segunda-feira (5), revelou que Alberto Neto foi o relator de uma medida provisória aprovada em 2021, ainda no governo de Jair Bolsonaro, que flexibilizou o controle sobre descontos em folha dos benefícios previdenciários.

Afrouxando regras

Na prática, o texto aprovado por influência do parlamentar afrouxou regras que garantiam a proteção dos aposentados — e abriu caminho para uma verdadeira farra de cobranças indevidas.

Sob o pretexto da pandemia de covid-19, Alberto Neto aceitou uma emenda que prorrogou o prazo de revalidação anual de autorizações para descontos. Embora a proposta inicial fosse adiar até 2023, o acordo fechado com o deputado fixou 2022 como prazo inicial, com possibilidade de mais um ano de prorrogação por ato do presidente do INSS — o que acabou acontecendo.

O resultado dessa “flexibilização”? Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal, as mudanças facilitaram o surgimento de fraudes em larga escala a partir de 2023. Entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), que agora são investigadas, teriam se beneficiado diretamente da medida relatada por Alberto Neto.

Essas organizações são acusadas de descontar mensalidades de aposentados sem autorização — valores pequenos o suficiente para passar despercebidos, mas que, somados, geraram um rombo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, foram vítimas dessa manobra silenciosa.

No Amazonas, onde a população de aposentados é expressiva, os impactos foram ainda mais dolorosos. Em vez de proteger seus eleitores, o deputado ajudou a empurrá-los para um esquema de exploração institucionalizada.

Em março deste ano, a Polícia Federal escancarou a gravidade da situação ao deflagrar uma megaoperação: 211 mandados de busca e apreensão, seis prisões temporárias e sequestros de bens que ultrapassam R$ 1 bilhão. A ação ocorreu no Distrito Federal e em 13 estados, incluindo o Amazonas.

Escândalo

Enquanto as investigações seguem, uma pergunta inquieta os brasileiros: como um deputado que colaborou com o enfraquecimento de mecanismos de proteção social — e que agora está envolvido indiretamente num dos maiores escândalos do INSS — pode pleitear uma cadeira no Senado?

A postura de Capitão Alberto Neto, sempre revestida de discursos sobre segurança e ordem, contrasta com a permissividade legislativa que ajudou a alimentar um sistema de fraude e abuso. Sua responsabilidade no caso não pode ser ignorada.

Nota da assessoria do Capitão Alberto Neto, tentando justificar a denúncia publica no jornal O Estadão:

É leviana a tentativa de associar meu nome a esta máfia que atua no atual governo e prejudica milhares de brasileiros.
Como relator do projeto, atendi a pedidos da sociedade para aguardar o termino da pandemia para iniciar os recadastramento, uma vez que os aposentados eram os grupos mais vulneráveis da pandemia.
O objetivo era proteger e cuidar dos idosos. Em março de 2021, o estado de calamidade pública ainda estava em vigor e seria arriscado tirar idosos de casa para irem fazer o recadastramento.
Assinei a CPI do INSS e reafirmo meu compromisso com a defesa dos aposentados e pensionistas, lutando para que sejam ressarcidos por toda a corrupção desencadeada neste governo.
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