

A escalada de importantes pigmeus dos nossos Três Poderes, corruptos e ladrões, assombra a sociedade. Eles surrupiam o tesouro nacional e, como Antônio Maria, rasgam nossa carta de cidadania e zombam da nossa capacidade de raciocinar – dão asas a uma brevíssima anarquia generalizada no País, molestando os homens de bem e formando quadrilhas de criminosos em todos os segmentos. Isso sem falar nos caixas-dois e na cobertura da turma do cartel das drogas.
Ninguém vê sequer uma atitude das autoridades policiais e, pasmem, judiciárias, de cuja cartilha de leis traduzem, pantagruélicos, os julgamentos sérios em gigantescas e já folclóricas pizzas. E, todos os dias, é a mesma cantiga da perua que afugenta a sabedoria de cada exigência da cidadania, da sociedade organizada – corrompendo os valores humanos, programando imaginárias revoluções sem sentido. Eu creio na máxima de que somente chefes medíocres aceitam funcionários medíocres, oh! e como aceitam. Também nos partidos. Chefes inexpressivos nivelam o comportamento geral ao criarem clones obedientes entre cargos, afagos e lamentáveis sorrizinhos-24 horas. Bobos da corte.
Nos partidos, também. Empresas e partidos precisam de conceitos, missões, metas. Por isso, fazem história e criam referências culturais internas e externas. O modelo das chefias, repetido na casta privilegiada, dá o tom geral: ‘‘Incomodados que se mudem’’, pontificam em arrogância suprema. Nas empresas, o impacto é menor pelo vínculo particular do negócio (a não ser quando usam dinheiro público em financiamento direto ou subsídios). Nos partidos, o choque, o conflito, a interlocução permanente, desabafos destemperados, discursos contraditórios, longe de significar fraqueza são sinal de imensa vitalidade.
O pessoal que rasteja pelo poder tem dobradiças servis na coluna flexível vertebral ao invés de ossos. Adula, nunca diz não, sempre é ‘‘fiel’’ ao faro oportunista. Detesta contraditórios. Busca a melancólica ‘‘paz dos cemitérios’’: harmonia é simulacro de grupo (todos concordam); satisfação é a droga letal da criatividade; estar confortável não é construir o melhor para a empresa, ou o partido, mas, o mais conveniente para o chefete imediato. Rebeldes pagam o pacto da mediocridade. São alvos a serem queimados na fogueira da boa conduta. Uns ardem rápido, outros são voláteis por natureza; porém, a maioria assa devagar. Isolados, caem aos poucos. Nos partidos e empresas. No Brasil prevalece o estigma do partido cordeirinho (nas empresas, empregado bom é empregado calado). Essa diferença vem sendo explorada por aquele pessoal louco para ver erros na virtude e assim respirarem aliviados: ‘‘Eles não são puros, é tudo a mesma coisa’’.
Ainda bem que a vida pulsa nas contradições do caminho e incoerências naturais de quem busca, rebelde e radical por desejar as coisas pela raiz, pela essência, pela mudança estrutural. Sem medo do caos criativo. Pior é o silêncio, omisso!(Flávio Lauria é Professor Universitário e Consultor de Empresas – [email protected])