Cirurgiões oncológicos realizam procedimento inédito em Manaus

Foto: Divulgação

A Quimioterapia Hipertérmica Transoperatória tem sido o novo tratamento indicado para o tratamento de carcinomatose peritonial, que é o termo técnico utilizado para tumores disseminados no abdômen. “Até poucos anos atrás, esses pacientes eram considerados incuráveis, não havia qualquer expectativa de cura para os pacientes com os cânceres localizados nessa região, mas agora o prognóstico é bem diferente, conseguimos boa resposta no tratamento, principalmente os de apêndice, peritônio (camada interna que reveste os órgãos) e, demonstrado em trabalhos recentes, resultados muito promissores para os tumores de cólon, estômago e principalmente ovário”, revela o cirurgião oncológico Jeancarllo Silva.


O cirurgião da clínica Oncológica explica que o procedimento pode ser muito demorado de acordo com o volume de tumor presente no abdômen do paciente, e é iniciado com a retirada de todo a lesão da região abdominal, cirurgia que comumente variam entre 8h e 10h. Em seguida são colocadas as sondas e é infundido o quimioterápico na máquina de perfusão, que realiza a mistura com os líquidos em altas temperaturas, chegando a atingir aproximadamente 42°C dentro do abdômen.

“Dependendo do quimioterápico e tipo de câncer, o procedimento pode durar em torno de meia hora ou até 1h, a ideia é que a área onde ele está atuando atinja as células tumorais que possam haver após a retirada do tumor”, disse o médico Jeancarllo, que afirma que essa é a diferença entre o tratamento hipertérmico e o tradicional.

A Quimioterapia Tradicional, em que é o quimioterápico é aplicado direto na veia do paciente, atinge alguns tecidos com o grau de absorção, entretanto é incerto que ele consiga atingir a área onde está localizado o tumor do paciente, diferente da Quimioterapia Hipertérmica Transoperatória em que o medicamento atua exatamente na região do câncer. Porém, a quimioterapia hipertérmica só é indicada em casos muito bem selecionados, devido aos riscos associados, e por esse motivo necessita de uma equipe multidisciplinar e experiente em todas as fases de internação do paciente.

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Uma das pacientes que passou por esse tratamento foi a analista administrativa Janete de Almeida, de 54 anos, diagnosticada com câncer no apêndice, que até pouco tempo era considerado inoperável, com a única indicação de Quimioterapia Tradicional Paliativa, que é feita apenas para o controle dos sintomas da doença.

“Juntamente com os cirurgiões Thiago Souza, Marcelo Uratani e Manoel Jesus, avaliamos o quadro clínico da paciente e optamos pela Quimioterapia Hipertérmica e hoje ela já está há um ano e meio sem sinais de volta da doença”, assegura Jeancarllo.

Janete conta que a suspeita de câncer no apêndice veio em 2015 durante uma cirurgia para a retirada de um mioma. “O médico que me operou deu a notícia no centro cirúrgico, na mesa de operação ainda, que eu devia procurar um especialista para avaliar meu apêndice”, lembra a analista.

Levando uma rotina completamente normal, Janete comemora a cura do câncer. “Não tive um pós-cirúrgico muito sofrido, fiz tudo direito e tive uma boa recuperação, agora apenas realizo trimestralmente exames de rotina para prevenir reincidência da doença”, disse.

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