Com abrigos lotados e praças alagadas, venezuelanos em RR cobram novas vagas

Chuva forte na segunda (16) alagou praças- Foto: Arquivo/RR/ G1

Após a forte chuva que alagou a praça Simón Bolívar nesta segunda-feira (16), cerca de 60 venezuelanos que vivem no local foram a pé até o abrigo de imigrantes no bairro Jardim Floresta, na zona Oeste de Boa Vista, cobrar novas vagas em abrigos.


De acordo com o Exército Brasileiro, atualmente o estado possui 502 pessoas além da capacidade de abrigamento. Os cinco abrigos comportam até 2.220 imigrantes, mas recebem atualmente 2.722.

A falta de estrutura da praça e as chuvas motivaram o grupo a fazer a manifestação nesta terça (17). “Faltam banheiros, não há água potável, não temos onde fazer nossa comida e nossas barracas não são impermeáveis”, afirmou o Angel Sandoval, líder dos imigrantes na praça.

O meteorologista da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) Ramon Alves, explicou que a situação dos imigrantes em situação de rua deve piorar.

Segundo ele, o período chuvoso em Roraima começou nesta segunda e deve seguir até setembro. A expectativa é que durante os meses de junho e julho chova 350 mm.

Durante o período, a chuva pode ser até diária. “Em julho de 2017 choveram 15 dias seguidos”, lembrou Ramon.

Na primeira chuva do período, diversos venezuelanos tiveram as barracas e objetos pessoais molhados. Para escoar a água, alguns deles usaram vassouras e outros se abrigaram embaixo de quiosques.

Os imigrantes que decidiram sair da praça Simón Bolívar estão acampados em frente ao abrigo Jardim Floresta desde a noite de segunda sem previsão para sair. Eles relataram que dormiram ao relento, passaram frio e fome.

A Simón Bolívar é um dos principais pontos de aglomeração de venezuelanos que chegam à capital sem ter para onde ir. Desde o dia 31 de março o espaço foi cercado com tapumes pela prefeitura de Boa Vista. Conforme um levantamento dos próprios imigrantes, o número de moradores no local chega a 1,2 mil pessoas.

Além de pedir vagas nos abrigos, os venezuelanos voltaram a cobrar mais vagas no processo de interiorização para outros estados do país. Nos dias 5 e 6 de abril, 279 imigrantes foram levados para São Paulo e Cuiabá.

Chuva forte na segunda (16) alagou praças- Foto: Arquivo/RR/ G1

“Nós viemos ao Brasil em busca de uma vida melhor, não queremos só receber doações, queremos que nos deem a oportunidade de conseguir um emprego, um sustento para nossas famílias”, disse o venezuelano Jose Lezamo, de 34 anos. Ele está em Boa Vista há dois meses vivendo na praça Simón Bolivar.

De acordo com Angel, o local se tornou “inabitável para os que são de bem” e que alguns imigrantes usam o local para consumir drogas, beber e praticar crimes.

O Exército Brasileiro, por meio da assessoria da Força-Tarefa Humanitária do governo federal, que coordena as ações relacionadas à imigração venezuelana em Roraima, informou que os imigrantes que vivem nessa situação serão atendidos após a abertura de novos abrigos.

A previsão é que um novo espaço seja inaugurado no Bairro Nova Canaã em até dez dias. “No entanto, as chuvas podem alongar essa previsão de tempo para a abertura do Nova Canaã”, informou a assessoria.

Abrigos lotados

Atualmente Roraima conta com cinco abrigos em Boa Vista e um no município de Pacaraima, ao Norte do estado, na fronteira com a Venezuela. Segundo o Exército Brasileiro, a maioria deles não tem capacidade para receber novos imigrantes. Dois estão superlotados.

A situação mais crítica é no abrigo do bairro Pintolândia, o primeiro a ser aberto na capital. Com capacidade para apenas 370 pessoas, o espaço atualmente atende 717 imigrantes.

A prefeitura de Boa Vista estimativa que só na capital vivem mais de 40 mil. Conforme a ONU, 800 imigrantes cruzam a fronteira entre Roraima e a Venezuela diariamente.

Lotação de abrigos em Roraima

Boa Vista

• Bairro Pintolândia: 717 abrigados (capacidade para para 370)
• Jardim Floresta: 595 abrigados (capacidade para 600)
• Hélio Campos: 277 abrigados (capacidade para 300)
• Tancredo Neves: 318 abrigados (capacidade para 300)
• São Vicente: 304 abrigados (capacidade para 300)

Pacaraima

• Abrigo Janokoida: 511 abrigados (capacidade para 350)

Fonte: G1

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