Comunidade do Quilombo Urbano do Barranco em festa na Praça 14

Dona Deusdete, a imagem viva do Quilombo/Foto: Arquivo
Dona Deusdete,  a imagem viva do Quilombo/Foto: Arquivo
Dona Deusdete, a imagem viva do Quilombo/Foto: Arquivo

A cultura africana, através de seus costumes, tradições, músicas, danças e comidas estão sendo, fortemente, representados, em Manaus, a desde o dia 29 de março, quando iniciou a Festa de São Benedito, realizada há 125 anos na Comunidade do Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito, no bairro Praça 14.
Neste ano, a festa ganha patrocínio inédito da Secretaria de Estado de Cultura, por intermédio de edital de credenciamento nº 01/2005 publicado no dia 18 de março. “A cultura africana tem importância fundamental para a formação cultural do Amazonas”.


A festa está passando por uma grande reformulação e o Governo do Amazonas fica muito orgulhoso em participar da disseminação desses costumes e tradições”, afirmou o governador do Amazonas, José Melo. Desse modo, as ações culturais do evento serão incrementadas. Além de distribuição de filme-documentário sobre a festa, haverá ainda apresentação e distribuição de filmes, apresentações de grupos folclóricos com temática africana, rodas de capoeiras, além de shows de hiphop e distribuição gratuita de comida. “Queremos mostrar que essa festa não é apenas um ato religioso, mas uma celebração aos costumes de um povo que esteve sempre ligado à formação cultural do Amazonas.

Quem for à comunidade do Quilômbo, vai entender que os negros vindos da África tiveram importante ligação com a cultura regional, e a construção do Teatro Amazonas é apenas uma dessas ações”, afirmou o secretário de Estado de Cultura, Robério Braga. Banda do Dedé – Uma das novidades deste ano é o retorno da tradicional Banda do Dedé. Dedé era um morador da comunidade e durante quase 30 anos (entre as décadas de 1970 e 1990) foi o responsável por tocar o Hino de São Benedito durante todos os dias de festa.

Depois de sua morte (no final da década de 1970), essa tradição ficou deixada de lado e há mais de 15 anos o Hino de São Benedito não era tocado por uma banda. “Agora, com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura, estamos retomando as principais tradições da festa, aumentando as atividades realizadas e mostrando de uma maneira mais ampla a influência da cultura negra em nosso Estado”, afirmou Jamily Souza da Silva, organizadora dos festejos de São Benedito no Amazonas. Programação – A festa começa no dia 29 de março, com a “retirada do mastro da mata”.

O mastro, de uma árvore Envira, é o símbolo da festa e representa a ligação entre o céu e a terra. O mastro é retirado da floresta uma semana antes do início do novenário de São Benedito e durante esse período preparado para a festa, sendo descascado, enfeitado com samambaias, frutas verdes, fitas vermelhas e recebendo uma bandeira de São Benedito. Ele é erguido no local da festa no primeiro dia do novenário, marcado para o dia 4 de abril, um sábado.

A partir de hoje (04), até o dia 12, haverá o novenário a São Benedito, sempre às 20h00. No dia 12, a festa vai começar a partir das 08h00, em frente à casa onde está o altar e imagem de São Benedito, na rua Japurá, na Praça 14. Às 17h00, começa a procissão, que percorrerá as ruas Japurá, Jonathas Pedrosa até à rua Tarumã, onde haverá a missa em louvor a São Benedito, na igreja de Nossa Senhora de Fátima. Após a celebração, a procissão voltará para o ponto de partida, percorrendo as ruas Jonathas Pedrosa, Ramos Ferreira, Emílio Moreira e Japurá. A partir das 19h0, haverá o derrubamento do mastro e distribuição de comidas como vatapá com arroz, bolos, salgados e a tradicional bebida “aluá”, além de água e refrigerante.

Sobre o quilombo – O Quilombo do Barranco de São Benedito é o segundo quilombo urbano do Brasil, recebendo esse título em outubro de 2014. A comunidade iniciou-se com a vinda de Dona Maria Severa Nascimento Fonseca, negra, ex-escrava, que veio do Maranhão para o Amazonas por escolha própria, que após receber a carta de alforria de seu senhor, conhecido como Dr. Tarquinho. Veio para o Amazonas em meados de 1890 com seus três filhos (Manoel, Antão e Raimundo) e foram recebidos pelo militar e conterrâneo Eduardo Gonçalves Ribeiro. Maria Severa trouxe consigo o símbolo de maior devoção da família até hoje, a imagem de São Benedito, que, conforme os antigos contam, veio de Portugal e foi dado a ela de presente.

A família começou a delimitar a área e construíram um barracão, uma espécie de terreiro, onde passaram a praticar seus costumes e crenças. Logo depois, mais maranhenses foram chegando e, a maioria, com a ajuda de Eduardo Ribeiro, eram encaminhados para esse lugar, que virou símbolo de resistência negra na cidade de Manaus. Por isso, o nome de “Vila dos Maranhenses”. A comunidade permanece no mesmo lugar há mais de cem anos, formada a partir de famílias advindas do Maranhão, descendentes de escravos e que vieram para trabalhar em Manaus, principalmente na construção de prédios, hoje considerados históricos (como o Teatro Amazonas).

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