Agricultores do interior do estado realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (16) em frente à sede do Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam), em Manaus. Eles montaram um acampamento no local e reivindicam a suspensão de uma liminar que autorizou a reintegração de posse em comunidades rurais dos municípios de Manacapuru e Novo Airão em janeiro deste ano.
Os manifestantes afirmam que as terras são do estado e que mais de 1,5 mil pessoas estão desabrigadas. Segundo a representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Maria Clara Ferreira Mota, a reintegração de posse ocorreu em favor de uma empresa privada, entre os dias 9 e 16 de janeiro deste ano.
“As comunidades perderam tudo que tinham, não sabiam por onde ir. Nós acionamos o defensor, tivemos uma audiência dia 8 de fevereiro, ele ouviu cada um e ajudou naquilo que pôde. No dia 19 [de fevereiro] nós tivemos uma outra audiência na Assembleia Legislativa, nós reunimos mais de 800 pessoas e com isso houve vários encaminhamentos, fizemos manifestação e, a partir daí, construímos todo esse processo para ajudar no esclarecimento”, disse.
A representante informou que, após reuniões, foi solicitado que um topógrafo da CPT fosse até o local averiguar se a terra era, de fato, pertencente à empresa privada. O resultado do levantamento comprova, segundo as lideranças, que a área é do estado e que as famílias estão autorizadas a manter atividades de agricultura no local.
Segundo a representante da comunidade do Ramal do Mariano, Arthemisa Vasconcelos, foram mais de 300 casas destruídas e 1,5 mil pessoas desabrigadas por conta da reintegração.
“Hoje nós estamos aqui porque queremos nossas terras de volta e porque nós fomos tirados dessas terras onde nós moramos há mais de 10 anos. São sete comunidades no local. Tivemos mais de 1500 pessoas desapropriadas e que não têm onde morar. Nós estamos aqui hoje aguardando uma decisão do desembargador. Não somos invasores, somos agricultores e queremos nossas terras”, afirmou.
O grupo pretende ficar acampado na frente do Tribunal até que haja uma resposta da Justiça sobre a liminar da reintegração.
O G1 entrou em contato com o Tjam e com o Ministério Público do Estado (MPE-AM) e aguarda um posicionamento sobre as demandas dos manifestantes.
Fonte: G1