Comunidades indígenas repudiam manifestações, em Humaitá

Fogo nas ruas de Humaitá, carros incendiados

 Fogo nas ruas de Humaitá, carros incendiados


A Articulação dos Povos Indígenas de Rondônia (AIR) emitiu na manhã desta sexta-feira (27) nota de repúdio “contra os protestos em relação aos povos indígenas Tenharin e Parintintin, na cidade de Humaitá, no sul do Amazonas”.
 
No documento enviado às redações dos meios de comunicação, a entidade ressalta que os grupos indígenas residentes no município – cerca de 140 pessoas entre crianças, jovens, adultos e idosos – “ficaram apavorados com esse terrorismo”, o que os levou a pedir proteção ao 54º Batalhão de Infantaria de Selva.
 
A AIR se refere aos atos que resultaram na destruição de prédios públicos, veículos e embarcação pertencente aos órgãos federais de apoio aos índios em Humaitá, ocorrida na noite do dia 25.
 
A entidade cobra das autoridades competentes providências quanto à proteção dos povos dessa região, que envolve, além de Humaitá, o município de Apuí e a comunidade de Santo Antônio do Matupi, distrito de Manicoré, na BR-230 (Transamazônica), onde também está localizada a reserva indígena Tenharin.
 
“Queremos urgência nas ações desses órgãos, pois não é de hoje que vem essa animosidade entre índios e não índios lá”, disse por telefone ao EM TEMPO Online o vice-presidente da AIR, Marcos Apurinã.
 
Ele também falou que parte dos problemas na área está relacionada a não aceitação, por arte dos não índios, dos direitos assegurados pela constituição aos indígenas. “Eles acham que índio tem muita terra e não pode usufruir dela no que se refere à madeira, minério e também por conta do pedágio. Isso incomoda empresários, políticos e, de certa forma, à população em geral”.
 
Por conta de tudo isso, os índios suspeitam que a morte do cacique Ivan Tenharin, no início de dezembro, não tenha sido um acidente e sim assassinato, a mando de um não indígena.
 
“Já vai fazer 30 dias e até agora não tivemos respostas das autoridades sobre esse fato e agora acusam os índios pelo desaparecimento desses três homens perto da reserva. É preciso que se resolva isso”, frisou.
 
Marcos Apurinã reconhece que a falta de informação sobre as buscas conduzidas pela Polícia Federal de Rondônia revoltou familiares e amigos dos desaparecidos e cobra que se tome uma providência sobre isso também.
 
Na nota de repúdio, a AIR convoca para uma reunião, em caráter de urgência, órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público Federal (MPF), Ministério da Justiça (MJ) e Secretaria Geral da Presidência República, além de organizações representativas dos índios no Amazonas e Rondônia.
 
A Funai também divulgou nota em que repudia os ataques feitos aos bens do órgão e da Fundação Nacional de saúde (Funasa) em Humaitá.
 
A nota afirma ainda que não compete à Funai investigar ou fazer buscas pelos desaparecidos e que essa atribuição cabe às Forças de Segurança Pública.

Ação da polícia
Enquanto isso, em Humaitá, o comando da Polícia Militar do Amazonas organiza bloqueios na área da balsa que faz a travessia do rio Madeira e no quilômetro 150 da BR-320, de modo a evitar que pessoas passem para a área da reserva com objetos e armas que possam resultar em confrontos com os indígenas.
 
“O bloqueio não tem a intenção de impedir a passagem de ninguém, é apenas para triagem e fiscalização, de modo que ninguém passe para o outro lado com armas brancas ou de fofo que possam ser usada num possível confronto com os indígenas”, explicou o tenente-coronel Everton Cruz, do Comando de Policiamento do Interior, que está em Humaitá.
 
Ele informou ainda que na tarde desta sexta-feira (27) deve chegar ao município um delegado da Polícia Federal, assim como equipes da Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal que deverão se juntar ao pessoal da PM/AM e ao comando do 54º BIS para uma reunião onde serão traçadas as estratégias de buscas dos desaparecidos.
 
“Estamos aqui para garantir a manutenção da ordem na cidade e integridade das pessoas, mas vamos ajudar a PF no que formos demandados”, garantiu.

Artigo anteriorComissão do Consumidor lança campanha ‘De olho no preço’
Próximo artigoMelo: Dilma é responsável pela construção do porto de Coari

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui