“Quando um homem tem força de vontade, os deuses dão uma ajuda”, disse certa vez o dramaturgo Esquilo, o pai da tragédia, que viveu mais de 500 anos antes de Cristo. A frase, apesar do longo tempo de existência, nunca deixou de ser atual, como comprova agora o ambientalista Rulian Holanda, que retomou seu projeto para construir uma ilha com garrafas pet, depois de quase quatro anos juntando as garrafas, e enfrentando idas e vindas no decorrer do trabalho.
Rulian explicou que o projeto consiste de três fases: a primeira, que nunca para, é a arrecadação das garrafas das mais variadas formas possíveis, em escolas, condomínios eventos e em qualquer lugar que reúna um grande número de pessoas; a segunda fase é a construção da ilha com a ajuda de voluntários cadastrados previamente; e a terceira consiste no funcionamento da ilha, que será montada nas águas do Tarumã, nas margens da praia Dourada em data ainda não definida.
Todo esse trabalho seguiu um cronograma, interrompido de forma drástica quando tudo parecia funcionar normalmente. Iniciado o projeto em 2010, em 2012 Rulian acredita que já acumulava mais de 300 mil garrafas num terreno de sua propriedade atrás do Clube Municipal, na Torquato Tapajós, quando, enquanto ele estava ausente de Manaus, chegou uma ordem da prefeitura para retirar todas as garrafas do lugar, atendendo a denúncias de vizinhos. “A alegação era de que as garrafas estavam poluindo o terreno. Foi tudo um mal entendido. Os vizinhos achavam que se tratava de uma invasão, que as garrafas estavam ali jogadas. Como eu não estava em Manaus, não pude dar as devidas explicações e quando cheguei, o resultado do trabalho de quase dois anos havia sido levado. Uma empresa de telhas plásticas comprou todas as garrafas, pagou para o meu irmão, que havia ficado em Manaus, mas para mim o dinheiro não interessava. O problema era o fim do meu projeto”, recordou.
Uma em cada município
Rulian ficou tão chateado, que parou por mais de um ano com o ideal de construir a ilha pet, até o desgosto passar e ele voltar a, novamente, juntar garrafas. “Há uns dois meses resolvi retomar o projeto e começar tudo do zero”, falou. Num primeiro momento a ilha pet irá medir 30 x 30 metros e terá dois andares. “Sempre falei que queria reunir um milhão de garrafas para construí-la, mas agora quero é fazê-la com quantas forem possível, para recuperar o tempo perdido, até porque uma ilha dessas tem tamanho interminável e pode ser construída indefinidamente”, explicou.
O objetivo de Rulian é conscientizar as pessoas sobre a importância da reciclagem, principalmente das pet. A ideia construir uma ilha em cada município do Amazonas para que as garrafas nunca se transformem em objetos poluidores e sim, de alguma forma, sejam úteis para a comunidade.
No sábado (20), Rulian irá promover o evento “Pet’n Pet”, na praia Dourada, com a presença de 17 DJs. “O ingresso será R$ 20, mais garrafas pet. O primeiro DJ se apresenta às 16h, e line up da festa segue até o dia seguinte, às 8h30. “Já estou com três projetos em andamento para a construção de novas ilhas, uma em Maués, outra em Fortaleza, com a parceria da Maresia e da Pag Menos, e a terceira no Rio de Janeiro, com um parceiro que ainda não posso revelar”, contou.
No domingo (31) mostrando que voltou com todo gás, Rulian promoveu a corrida Pag Menos, na Ponta Negra, e a inscrição eram pets. “A rede de farmácias Pag Menos tem sido uma parceira nossa. Na corrida eles distribuíram brindes aos participantes”, disse.
No dia 9 de outubro, uma quinta-feira, acontecerá o Bazar Pet, também na praia Dourada. “O ingresso será R$ 30, e garrafas pet. O participante será levado de bote até um flutuante onde estará montado o bazar e ainda terá direito a um prato de massas”, adiantou. Se depender do trabalho e da força de vontade de Rulian, as garrafas pet jogadas nos igarapés da cidade estão com os dias contados.(PAmCult)
