CPI da pandemia e a rede de maldades – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

A Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Pandemia, do Senado Federal, que investiga omissões, desvios de recursos públicos e o uso de tratamento sem eficácia, responsáveis pelas mortes por Covid-19 de milhares de pessoas, chega ao seu final com saldo positivo. Os próximos passos cabem ao Ministério Público – MP promover ações e a Polícia Federal – PF novas investigações; e ao Congresso Nacional e ao eleitorado, as decisões políticas.


É assustador a constatação de envolvimento de ministro e ex-ministros da saúde nas omissões de compra de vacinas, e incentivos ao uso de medicamentos que contribuíram para o alto índice de mortes. A falta de oxigênio nos hospitais do Amazonas, compras de materiais de saúde que não foram distribuídos por perda de validade, além de dificuldades para produção da vacina Coronavac, também foram ações diretas do Ministério da Saúde – MS e de seus comandantes.

Empresários da área de Saúde, gananciosos e negacionistas, esconderam o real número de mortos pela Covid-19, pois usaram medicamentos baratos e sem eficácia. Assim, vidas foram perdidas, mas o lucro foi alto. Agiram também para agradar autoridades do governo federal. O Conselho Federal de Medicina – CFM e inúmeros médicos deram péssimos exemplos na pandemia: omissões, tratamentos sem comprovação científica e a ideologia política ficou acima do interesse da saúde pública, conforme relatos na CPI.

Personalidades da área da cultura, do jornalismo e do esporte também contribuíram com a tragédia, mortes e sequelas. Muitos foram patrocinados; outros agiam de forma voluntária; e alguns compatibilizaram a ideologia negacionista com os ganhos econômicos; milhares de indivíduos simples, também ajudaram nessa tragédia humana, produzindo e divulgando fake news, por ignorância ou por pura maldade.

Muitos líderes religiosos divulgaram notícias falsas sobre a Covid-19. Vendiam milagres e curas ao povo. Tudo em nome do lucro. Enquanto a economia patinava e a pobreza aumentava, denominações religiosas cresceram e ganharam força política dentro dos governos.

Membros do Congresso Nacional, deputados estaduais e vereadores chegaram a propor medidas legislativas contra a vacinação e o uso de máscaras. Além da tentativa de transformar o parlamento num Poder omisso com relação aos desmandos e os desvios de recursos destinados para combater a pandemia pelos governadores de estados e por autoridades federais.

O presidente Bolsonaro foi um dos responsáveis pelo avanço da pandemia e pelas mortes, segundo a CPI. Negacionista, gestor despreparado, insensível à dor das famílias das vítimas, preferiu zombar dos contaminados e promover motociatas em plena pandemia.

De fato, existe e existiu no Brasil uma rede da maldade contra a vida e o bem-estar das pessoas. Formada por governantes, personalidades, empresários, legisladores, profissionais de Saúde, religiosos e por bajuladores ignorantes, esta rede é responsável pelas mortes de milhares de brasileiras e brasileiros por Covid-19.

O relatório final pode trazer uma grande contribuição para que os responsáveis dessa tragédia brasileira sejam indiciados, respondam ações judiciais cabíveis e sejam condenados. Muito trabalho terá agora o MP com ações e, ainda, a PF com a realização de novas investigações.

Mas, as decisões políticas envolvendo o parlamento e o eleitorado, são importantíssimas. O Congresso Nacional pode criar ou modificar legislações para impor mais controles e punições aos que agem contra a sociedade e até aprovar pedido de Impeachment. E, cabe ao eleitorado, uma avaliação consciente de tudo isso, até para melhorar as suas escolhas políticas nas próximas eleições.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

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