CPI da Pedofilia: Testemunhas que depuseram contra Adail são ameaçadas de morte

Comissão denúncia, em coletiva de imprensa/.Foto: Divulgação
Comissão denúncia, em coletiva de imprensa/.Foto: Divulgação
Comissão denúncia, em coletiva de imprensa/.Foto: Divulgação

Pessoas que testemunharam contra o ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, sobre a existência de uma rede de pedofilia comandada pelo ex-chefe do Executivo daquele município, estão sendo ameaçadas de morte.

Por este motivo, duas destas testemunhas voltaram atrás em seus relatos junto ao Tribunal de Justiça do Amazonas, por meio de declarações feitas por escrito. A denúncia foi feita na manhã de hoje, sexta-feira (14), pelos integrantes da CPI da Pedofilia da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), durante entrevista coletiva.


Os deputados estaduais Abdala Fraxe (PTN), presidente da CPI, e Orlando Cidade (PTN), Luiz Castro (PPS), Conceição Sampaio (PP) e José Ricardo (PT) informaram que, além das ameaças de morte, as testemunhas também estão recebendo ofertas em dinheiro e outros benefícios, como alugueis de apartamentos em Manaus para alterarem os depoimentos feitos aos deputados amazonenses e ao Ministério Público do Estado (MPE-AM). O objetivo, segundo Abdala Fraxe, é desacreditar o trabalho da Comissão e facilitar a defesa de Adail Pinheiro.

“Se há 45 dias elas não tinham onde morar, não sei o que pode ter acontecido nesse período para que elas já pudessem pagar alugueis em flats em Manaus, que possuem preços altíssimos. Tenho certeza absoluta que esta verdadeira quadrilha do município de Coari está por trás dessa cooptação e a gente tem que repudiar firmemente, principalmente porque a informação que temos é de que queriam imputar aos membros da CPI a acusação de que os depoimentos foram tomados à força, por coação ou financiados. E isso é uma injúria, uma difamação que a CPI não vai aceitar”, afirmou Fraxe.

O presidente da CPI garantiu que os trabalhos não serão afetados por esses fatos e adiantou que durante a averiguação técnica das finanças da prefeitura de Coari foi verificado que há indícios de desvios realizados com o propósito de alimentar a rede de pedofilia. “Conseguimos achar o fio da meada nessa investigação, recebemos ainda ontem mais informações do Banco do Brasil e do Bradesco que vão nos permitir aprofundar cada vez mais estas investigações e a CPI, em si, não é prejudicada porque vamos continuar o nosso trabalho”, completou Abdala Fraxe.

Em seu pronunciamento, Luiz Castro alertou para o fato de que Adail Pinheiro teria regalias no batalhão onde se encontra detido na capital, tais como despachar documentos da prefeitura de Coari e orientar os rumos da administração deste município, implicando na manutenção da rede de pedofilia. O deputado também aproveitou a ocasião para cobrar celeridade da justiça no julgamento dos processos que Adail responde por crimes sexuais. “Nós entendemos que se o desembargador que está com este processo não se sente em condições de saúde, pela sua idade, que ele tenha a humildade e a generosidade com as crianças de Coari e do Amazonas, de repassar esse processo para que outro desembargador possa ser relator do processo e ele possa ser julgado. O que não dá pra compreender é que esse processo mais recente esteja sendo atacado por compra de testemunhas, por ameaças e o processo antigo, com todas as provas, nunca tenha sido julgado”, lamentou.

A deputada Conceição Sampaio, por sua vez, lembrou a existência de casos de pedofilia em outros municípios do Estado e chamou atenção para a fragilidade da rede de proteção à crianças e adolescentes ao que se refere a crimes sexuais. “Eu penso que uma das grandes contribuições da CPI é no seu relatório apontar os encaminhamentos que precisamos. Ouvimos todas as entidades que prestam um grande serviço à nossa infância e juventude. São pessoas engajadas, mas por parte do poder público temos alguns serviços oferecidos, serviços que não conversam entre si; por isso, não temos uma rede. Esse fortalecimento que precisamos é o que realmente vai resguardar para que outras crianças não venham a sofrer o que muitas já sofreram”, observou.

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