Crise institucional (Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo (AM)
Advogado Paulo Figueiredo (AM)
Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Vive-se no Brasil uma crise institucional de largas proporções. A suspeição é geral e os dois maiores poderes da República naufragam no mais absoluto descrédito da sociedade. No escândalo do Petrolão, o Ministério Público Federal requereu ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito a fim de apurar responsabilidades de deputados, senadores e dos presidentes da Câmara Federal e do Senado. No mesmo passo, deixou de arrolar a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva, ambos mencionados nos procedimentos levados a termo pela Polícia Federal e em delações premiadas, em cima do mesmo imbróglio Petrobras.
Figuras carimbadas, já envolvidas em outras situações no mínimo vexatórias, Renan Calheiros e Eduardo Cunha representam o que há de mais nocivo no parlamento brasileiro. No entanto, foram eleitos para dirigir suas respectivas casas, e com expressiva maioria. Um, na condição de presidente do Senado, dirige o Congresso Nacional; e outro, presidente da Câmara, aparece como terceiro na linha sucessória da Presidência da República.


Cid Gomes, ex-governador do Ceará e ministro da Educação, vem e do alto de suas funções diz com todas as letras que o Congresso agasalha mais de 400 achacadores, repetindo com acréscimo o que disse Lula da Silva no passado, quando denunciou a existência de 300 picaretas na mesma instituição. Eduardo Cunha, em plena crise, instituiu o “bolsa passagem” para mulheres e maridos dos parlamentares. Em seguida, retrocedeu, diante da grita geral, mas não voltou atrás na decisão que concedeu aumentos abusivos de quotas e outros benefícios aos deputados, com gastos adicionais de milhões e milhões de reais para o erário. É o cinismo levado às últimas consequências, escarnecedor da opinião pública.

Com apoio no “exército” de Stédile, Lula da Silva ameaça incendiar o país. E o MST, certamente insuflado ou sob influência do metalúrgico, acaba de invadir uma fábrica de papel e celulose em Itapetininga, São Paulo, como parte de uma tal de jornada nacional de luta das mulheres camponesas. Milhares de mudas transgênicas, cultivadas em pesquisas que remontam ao ano de 2001, foram inteiramente destruídas. Eram novas espécies de eucaliptos desenvolvidas em laboratórios e em estufas, com orientação científica e de valor inestimável. Tratava-se de um produto absolutamente seguro para a sociedade e o meio ambiente, cuja eliminação implica em considerável prejuízo de anos e anos de desenvolvimento tecnológico, segundo especialistas do setor. Incrível é que o governo assiste impassível à violência insana contra a ciência e a propriedade, certamente em respeito às suas vinculações históricas com lideranças desse movimento predador e criminoso.

A recessão e a inflação mostram as garras, puxando para além do fundo do poço a economia, à deriva do descrédito internacional. No vórtice da irresponsabilidade e da incompetência, Dilma Rousseff, reconhecendo-se como economista-mor do país, desautoriza seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pregando-lhe reprimenda pública, como já o fizera com Nelson Barbosa, ministro do Planejamento. Ainda assim e sem alternativa, orquestra suas primeiras medidas de ajuste fiscal via medida provisória, encaminhada ao Senado Federal, que majora tributos a serem suportados pelas empresas. Ipso facto, logo a recebe de volta como inconstitucional das mãos de Renan Calheiros, que age com indisfarçável hostilidade, não como arauto da constitucionalidade, mas como forma de retaliação por interesses contrariados no escândalo da Petrobras e em demandas de seu filho governador de Alagoas, não atendidas pelo governo federal.

O Brasil encontra-se à beira do caos. Há programações de grandes manifestações populares nas ruas e praças do país, pacíficas ou não, promovidas tanto por quem se insurge contra Dilma Rousseff, defendendo ou não o impeachment presidencial, como por aliados do governo, lulopetistas e outros lulodependentes. Ninguém aguenta mais tantos descalabros, em sintonia afinada com os erros grosseiros da gestão lulodilmista da companheirada, encastelada no Estado e realimentada pela corrupção partidária e política, que grassa em todos os braços do erário.

O quadro atual, com as mudanças necessárias, lembra 1964, quando a extrema inconsequência levou ao confronto público de forças entre governo e oposição, deixando-se ao final imolada a democracia, sob o tacão da ditadura militar de mais de duas décadas. Como no passado, já há quem hoje reclame a intervenção dos quartéis, como se pode observar em mensagens postadas nas redes sociais, com adesão crescente, diante da derrocada das instituições políticas. É uma temeridade, já vimos o mesmo filme, mas essa gente não toma juízo, não aprende com a história, que sempre pode se repetir, como farsa ou tragédia.( Paulo Figueiredo – Advogado, Escritor e Comentarista Político –  [email protected] )

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