[Crônica] A Balada – por Isabela Abes Casaca

Heron permanecia petrificado com os olhos fixos e vibrados, ao longe a batida do som agitava seus músculos cardíacos, bombeando sangue em alta velocidade, as artérias irrigavam as veias, estas faziam o líquido vermelho correr por todo o corpo, seus hormônios borbulhavam, como dentro de um pistão de motor de explosão.


O lugar era uma fortaleza de escuridão, não haviam janelas, era quase um caverna. E para nós, tataratataratataratataratataratataratataratataratataratataratataranetos dos australopithecus, o que pode ser mais convidativo que adentrar a uma gruta? Está certo, não era uma caverna formado pelo intemperismo do tempo e da natureza, era uma molada na argamassa por entre os tijolos, no concreto e no aço inoxidável. Mas, numa selva de pedra é assim que as modernas cavernas são.

O rapaz deslumbrado e fascinado rumou para o interior da casa noturna, antes de cruzar os umbrais viu sobre o portal um letreiro de LED, com caracteres cor green eletric, nele estava escrito: “Enjoy the Party!”. Heron ficou ainda mais agitado, pobrezinho, ele não sabia que ali estava subliminarmente criptografado: Welcome to Brave New World. Enjoy the SOMA!

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Naquela caverna da engenharia humana, vaga-lumes de néon vageavam pela atmosfera, fachos de luz irrompiam pelo ar, piscavam freneticamente e depois se esvaneciam. As órbitas oculares dos festejantes transpareciam sinais de convulsão, porém logo os corpos se sacudiam a fim de espantar a sensação, desta forma se repetia o processo supramencionado repetidamente.

Heron provou da comunhão daquele ritual, um energético fermentado, quase instantaneamente a inibição cerebral anulou-se, sem demora ele se juntou aos outros fiéis celebrantes. Eles pulavam com as mãos sob as cabeças, conforme as antigas danças tribais dos neandertais, ao rufar dos tambores virtuais, batidas eletrônicas geradas por algorítimos aleatórios de algum software de computador.

Nas paredes na casa noturna pinturas rupestres modernas se espalhavam por todo lado, entre os objetos decorativos juro ter visto de relance a Vénus de Willendorf. Por todo lado que se olhava não se viam faces, mas mascarados! Rostos de papel desfilando… Mascarados! Escondendo seus rostos, para que o mundo nunca os descubra.

Assim se busca o êxtase no templo da religião materialista… Mergulhando na escuridão de uma caverna, de costas para a luz, buscando algum sentido para a vida. Está cada vez mais difícil ir além do óbvio ululante que pulula nas mentes humanas…

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[author image=”http://oi59.tinypic.com/md2p28.jpg” ]Isabela Abes Casaca é graduanda em Direito e integrante do movimento Novo Ágora. Considera-se escritora amadora.[/author]

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