De bobão a homem bomba – Por Paulo Figueiredo

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Ele se chama Rodrigo Rocha Loures, tem cara de bobão e mostra-se agora com intensa presença na mídia nacional, passando a ser conhecido como o homem da mala. Lá atrás, tivemos o assassino da mala, que esquartejava as vítimas e transportava os despojos numa mala preta, crimes que dominaram durante anos o noticiário policial na cidade de São Paulo.


Agora, no vídeo que o apanhou com a mala com R$ 500 mil, Loures aparece correndo, assustado, olhando para os lados, talvez admitindo que pudesse estar sendo filmado ou seguido. Suas preocupações se mostrariam verdadeiras, porquanto já integrava uma operaçã ;o controlada da Polícia Federal. Num e noutro caso, muitos esquartejamentos, físicos e morais.

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Deputado federal, por obra de seu padrinho e chefe Michel Temer, Loures vinha protegido sob condições especiais concedidas pela Constituição da República. Coisas do Brasil e da cultura secular e execrável do privilégio, que aprofunda as diferenças entre o homem comum, na sub-base da pirâmide, e os eleitos, no topo, em sentido literal e amplo.

Agarrado com a boca na botija, foi agraciado com conceitos generosos pelo presidente, a quem prestava assessoria pessoal. Foi chamado de ingênuo e de excelente caráter por Temer, com palavras de conforto pessoal, espécie de habeas corpus preventivo contra possíveis declarações de seu amigo e auxiliar de confiança. No primeiro momento, ainda amparado pela imunidade parlamentar, não foi preso. No entanto, perdido o mandato, seria logo recolhido aos costumes, em decisão do ministro Edson Fachin. O relator da Lava-Jato, no Supremo Tribunal Federal, jamais teve dúvida sobre a participação do deputado da mala no grand e esquema de assalto ao erário, patrocinado pela JBS.

Tudo se tornou possível com o ato de Temer, que defenestrou Osmar Serraglio do Ministério da Justiça, a quem Loures substituía na Câmara Federal, como suplente. Segundo o exonerado, o presidente foi pressionado por “trôpegos estrategistas”, identificados nas pessoas de Moreira Franco e Eliseu Padilha, íntimos do poder maior na República do Jaburu.

Bem, num átimo, Rodrigo Rocha Loures pode saltar de bobão a homem bomba, em companhia de outros que já estão com delações premiadas engatilhadas, como Antônio Palocci, Renato Duque e Lúcio Funaro. O próprio Eduardo Cunha, que teimava em não ceder, já teria exaurido todas as forças e qualquer tipo de resistência. Juntos ou isoladamente, para o PT, PMDB, Temer, Lula, Dilma e quejandos, provocarão um tsunami de proporções gigantescas e de resultados imprevisíveis.

Há quem assegure a existência de uma gravação, já de posse da Procuradoria-Geral da República, na qual se ouve que a semanada de R$ 500 mil da JBS, durante 20 anos, seria destinada a Michel Temer, tendo-se Loures apenas como ‘mula’ ou recebedor-transportador de toda a dinheirama. E sobrariam documentos que provam a movimentação bancária no exterior de implicados na Lava-Jato, em nome ou no interesse de Lula, Dilma, próceres do PT e de outros partidos.

Presou ou solto, Rodrigo Rocha Loures não tem cara e muito menos postura de obstinado, capaz de enfrentar as vicissitudes e agruras do momento. Não tem fibra, não conseguirá superar o cerco da família, especialmente com a esposa grávida, em fase final de gestação e em situação de natural fragilidade. Todo esse quadro, como resta evidente, vem sendo avaliado pelo Palácio do Planalto, cuja evolução poderá ser definitiva, para Temer e seu governo, sem falar no julgamento da chapa que compõe com Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral.(Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])

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